Após Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter vencido o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais, caminhoneiros que apoiam o atual presidente tem feito paralisações em diversas rodovias por todo o Brasil. Embora a aderência das manifestações não seja no mesmo volume da de 2018, certamente teremos impacto na economia e no bolso da população brasileira com o aumento dos preços.
Nesse sentido, os supermercados já registram problemas de desabastecimento, principalmente em itens perecíveis, como legumes, verduras, carnes, frios e laticínios. Sendo assim, preços de itens como o leite e derivados, que vinham apresentando queda nos seus preços, podem apresentar nova alta, devido à dificuldade dos produtores em escoar seus produtos.
“Teremos um impacto importante principalmente nos alimentos in natura. Por serem perecíveis, eles são afetados mais rapidamente do que qualquer choque que tenham na sua produção, logística e distribuição”, afirmou Matheus Peçanha, economista do FGV Ibre (Instituto Brasileira de Economia da Fundação Getúlio Vargas).
Ainda, segundo Matheus Peçanha, existe a possibilidade de o impacto econômico ser pequeno caso este movimento dos caminhoneiros pró-Bolsonaro seja encerrado o mais cedo possível.
“Outros produtos in natura que já estavam pressionados, como os hortifrútis por problemas climáticos, podem piorar o cenário pelo menos nesta semana. Se o movimento acabar logo, o impacto estará completamente dissipado até o fim do mês. Caso dure mais, isso pode ter um impacto como foi na greve de 2018”, afirmou Matheus.
Além disso, os supermercados já notam um aumento de consumidores devido à preocupação destes com a escassez dos produtos nas prateleiras. Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), 70% dos supermercados já registraram problemas de abastecimento.
Aumento de preços pode ser menor se manifestações pararem em breve
Nesse sentido, a Associação Brasileira de Supermercados descartou, por enquanto, uma escalada nos preços. De acordo com a associação, os produtos que estão para serem entregues já foram negociados, ou seja, seus preços já estavam definidos. Dessa forma, teremos um maior impacto sobre os preços em caso de extensão das manifestações.
Outras fontes do mercado também entendem que o movimento não tem a mesma força que 2018. Segundo eles, o principal motivo para acreditar neste menor impacto é a falta de apoio do empresariado e de articulação nacional, o que diminui o engajamento de mais caminhoneiros e de outros públicos em relação às manifestações.
“A paralisação não tem uma grande liderança, alguém que dite os rumos dos bloqueios, como ocorreu em 2018. Em primeiro momento, o prejuízo tende a ser pequeno, tudo vai depender se isso irá se estender para os próximos dias”, disse Renato Pavan, da consultoria Macrologística.
“Hoje, não vejo a mobilização com força para causar um prejuízo compatível com o de 2018”, completou Pavan, lembrando da greve dos caminhoneiros que ocorreu há 4 anos atrás, que provocou uma redução no crescimento do PIB e fez com que a inflação sofresse um aumento de 1,26% acima do previsto.
Com as declarações emitidas pelo presidente Jair Bolsonaro, que pediu o fim dos bloqueios por parte dos caminhoneiros, a previsão é que os movimentos percam força e os riscos relacionados ao desabastecimento e aumento nos preços sejam mitigados.