Os preços no atacado estão perdendo força nos últimos meses no país. Pelo menos é o que apontam os dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em resumo, os preços dos produtos comercializados no atacado, avaliados pelo Índice de Preços ao Produtor (IPP) do IBGE, avançaram 21% em 12 meses encerrados em abril. Já os preços dos itens no varejo subiram 17% no mesmo período. Isso quer dizer que houve um grau de repasse de 80% aos preços finais aos consumidores.
A saber, os preços no atacado são registrados na porta de fábrica, sem impostos e fretes. Aliás, a desaceleração da inflação da indústria vem acontecendo há tempos.
Para se ter uma ideia, os preços no atacado acumulavam uma alta de mais de 35% em maio do ano passado, a ritmo anual. Isso mostra que a desaceleração continua acontecendo no atacado. E o consumidor final deverá ser ainda mais beneficiado, uma vez que esses decréscimos tendem a alcançar os preços no varejo.
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Recuperação do comércio é heterogênea
Os dados da PMC revelam que o volume de vendas no comércio varejista cresceu 0,9% em abril, na comparação com março. Contudo, a maioria dos segmentos pesquisados teve retração na base mensal. O avanço acabou sustentado por três atividades: artigos farmacêuticos (+0,4%), vestuário e calçados (+1,7%) e móveis e eletrodomésticos (+2,3%).
De acordo com o presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), José Roberto Tadros, o resultado heterogêneo mostra que as pessoas estão consumindo itens essenciais ou predominantemente domésticos.
“O processo de regeneração tem ocorrido de forma heterogênea, na medida em que apenas quatro atividades comerciais conseguiram recuperar o nível de vendas verificado antes do início da crise sanitária. Esperamos que o cenário econômico se torne mais favorável para que todos os segmentos avancem”, disse Tadros.
CNC eleva projeção de crescimento das vendas no varejo
Com os resultados mais positivos em abril, a CNC elevou as suas projeções de crescimento das vendas no varejo brasileiro em 2022. Em suma, o comércio deverá fechar o ano com um volume de vendas 1,7% superior ao do ano passado. A última estimativa da CNC apontava um aumento de 1,5% no ano.
Segundo o economista da CNC responsável pela pesquisa, Fabio Bentes, a tendência de queda dos preços no atacado deverá se estender ao varejo. Dessa forma, os brasileiros terão mais chances de aumentar o consumo no país.
“Confirmada a tendência de desaceleração dos preços no atacado, os preços no varejo tenderão também a perder força, abrindo espaço para reajustes menos intensos da taxa básica de juros”, disse Bentes.
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