As dificuldades em comprar alimentos devido aos seus altos preços não se restringem ao Brasil. Na verdade, os valores mundiais dos alimentos renovaram as máximas de dez anos em novembro. Pelo menos é o que aponta o índice de preços dos alimentos da Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
De acordo com a agência de alimentos das Nações Unidas, os preços dos alimentos avançaram pelo quarto mês consecutivo. Em resumo, a forte demanda por trigo e produtos lácteos impulsionaram os valores globais no mês passado.
Dessa forma, os preços passaram de 132,8 pontos em outubro para 134,4 pontos em novembro. Esse é o maior nível do índice desde junho de 2011, segundo a publicação. Vale destacar que o número de outubro era de 133,2 na leitura anterior, mas passou por revisão em novembro.
A saber, o índice da FAO faz um monitoramento dos preços internacionais das commodities alimentícias mais comercializadas pelo planeta. Aliás, na comparação com novembro de 2020, o índice registrou uma disparada de 27,3% no mês passado. Isso indica que os preços seguem alcançando patamares cada vez mais elevados com o passar do tempo.
Entenda o que vem provocando a disparada dos preços
Em suma, os preços dos alimentos vem crescendo fortemente nos últimos tempos devido a problemas na colheita e forte demanda. Por exemplo, o índice de preços de cereais da FAO teve alta de 3,1% na comparação mensal e disparou 23,2% no comparativo anual. Inclusive, o preço do trigo atingiu o seu nível mais elevado desde maio de 2011.
Além disso, os preços dos lácteos tiveram a maior variação mensal entre os itens pesquisados (+3,4%). “A forte demanda global de importação persistiu para manteiga e leite em pó, já que os compradores procuraram garantir o fornecimento, prevendo o aperto dos mercados”, explicou a FAO.
Da mesma forma, os valores internacionais do açúcar também cresceram em um mês (+1,4%), bem como em um ano (+39,5%). “O aumento foi impulsionado principalmente pelos preços mais altos do etanol”, disse a FAO.
Em contrapartida, os preços da carne caíram pelo quarto mês consecutivo (-0,9%). Seguindo a mesma trajetória descendente, ficou o óleo vegetal (-0,3%), mas os preços internacionais do óleo de palma seguiram elevados, segundo a FAO.
Por fim, a entidade reduziu a projeção de produção global de cereais em 2021. Anteriormente, a FAO estimava uma produção de 2,793 bilhões de toneladas de cereais, mas, em novembro, esse valor caiu para 2,791 bilhões de toneladas. No entanto, isso ainda representaria um recorde para a produção anual.
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