A pandemia da Covid-19 provocou diversos impactos no planeta. Além das perdas humanas, a atividade econômica global afundou sem precedentes. E uma das maneiras de reverter esse quadro é aumentando o comércio entre os países. No entanto, diversos problemas impedem isso, principalmente o transporte de mercadorias através de contêineres.
Em resumo, a crise sanitária fez o setor reduzir drasticamente a produção de contêineres, visto que a demanda também afundou. Com a retomada econômica, a capacidade de atender aos pedidos está completamente enfraquecida.
Além disso, os portos dos Estados Unidos, Ásia e Europa são mais rentáveis que o de outros países, como o Brasil. Assim, os navios acabam seguindo para longe daqui. Aliás, o Brasil responde apenas por 1% do comércio mundial regular de contêineres. E o que explica isso não é apenas a localização, mas também o fato de o país ser um grande exportador de commodities.
“No caso das commodities, os navios ainda podem atracar e encher, sem a necessidade dos contêineres. Já com os produtos manufaturados, só vale a pena a embarcação vir até aqui se tiver volume de produção suficiente que remunere a viagem de ida e volta do navio. Caso contrário, a operação torna-se inviável”, explica o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
Preços dos contêineres disparam no ano
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o preço do contêiner disparou. Em suma, o valor médio era de cerca de US$ 1,8 a US$ 2 mil antes da pandemia. Contudo, os preços dispararam para US$ 10 a US$ 12 mil. Isso representa um salto de mais de 400% no período.
“O ciclo de produção global era muito baseado na operação just in time, o mundo estava pouco acostumado a fazer estoques e a produção saía direto para a venda. Isso mudou e a necessidade de armazenamento tornou-se maior. Haverá uma reorganização natural do processo”, disse o engenheiro, economista, consultor e especialista em logística, Frederico Bussinger.
“O Brasil não tem armadores, grandes empresas de navegação. Essa escassez, somada às características de nossa pauta exportadora e à necessidade de importação de produtos manufaturados, como eletroeletrônicos, sobretudo da Ásia, torna nossa operação ainda mais cara”, acrescentou Bussinger.
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