A tendência para 2022 é que o preço dos imóveis residenciais não tenha uma alta tão expressiva como costuma acontecer, especialmente após os aumentos que ocorreram em 2021. A previsão foi feita por empresários e analistas do setor, que apontaram como principal motivo a disparada nos preços dos materiais de construção.
A disparada afetou em particular o aço e o cimento que, automaticamente, refletiram essa diferença ao chegar aos consumidores finais no intuito de preservar as margens. Conforme apurado, o Índice Nacional dos Custos de Construção (INCC) teve um avanço de 14,7% no período de 12 meses concluído em novembro deste ano.
Por meio do INCC, determinados itens pesaram mais que outros, é o caso de materiais metálicos. No mesmo período este insumo teve um aumento de 57,8%. A estratégia de repasses se tornou viável com o passar dos últimos meses, época em que o mercado vivia um momento favorável em meio a tantos financiamentos com juros abaixo da média histórica, que em compensação refletiam o preço maior nos estandes.
No entanto, este cenário é passado, pois enquanto há poucos meses era extremamente fácil efetivar a compra da casa própria com juros de, no máximo 7% ao ano, hoje esse patamar pode chegar a 10%. Este é o pontapé inicial para o crescimento da percepção de que o bolso dos consumidores está se esvaindo, pressionado pela inflação que impacta negativamente o orçamento familiar.
É importante considerar as incertezas quanto ao futuro que o país irá tomar daqui para frente. Estes são apenas alguns fatores relacionados à velocidade da venda dos imóveis, segmento que teve uma queda no terceiro trimestre do ano, indicando a dificuldade das empresas em escoar unidades em obras.
Para o analista de construção civil do Bradesco BBI, Bruno Mendonça, “a sensação é que os aumentos de preços estão batendo no teto. As vendas já não estão respondendo tão bem e isso sugere que o setor precisa de um respiro”, disse. Por hora, o mercado de imóveis não encontrou nenhuma brecha para aplicar novos reajustes.
Por esta razão, as incorporadoras tendem a amenizar os lançamentos para o próximo ano. Desta forma, a prioridade deve ser dada a projetos com margens mais abrasivas, segundo Mendonça.
Um entendimento similar é compartilhado pelo pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Eduardo Zylberstajn, que reconhece a queda nas vendas e aponta que vários projetos novos não se apresentaram tão viáveis como imaginado para as empresas.
Enquanto isso, o diretor institucional imobiliário, Cyro Naufel, diz estar consciente sobre o mercado atual e que já aguarda uma alta moderada no preço dos imóveis em 2022. Ele ainda disse que os ajustes no valor do metro quadrado já foram aplicados no quarto trimestre de 2021, afrouxando os parâmetros para o próximo ano.
“Não estamos vendo nenhuma categoria de trabalhador com reajustes relevantes na renda, então a tendência é o bolso não acompanhar mesmo”, concluiu.