Antes da pandemia de Covid-19, o preço dos carros dava aos consumidores a oportunidade de escolher a marca e o modelo desejado. Afinal, a cadeia de produção e distribuição de automóveis funcionava como uma engrenagem perfeitamente lubrificada.
Agora, quando há uma inédita escassez de veículos a nível mundial, os compradores estão colocando seus nomes em listas de espera. Sendo assim, podem aguardar meses até que possam adquirir seus automóveis.
Essa escassez provocou um aumento de preços dos carros de alguns modelos novos e um salto nos valores dos usados. Continue acompanhando e entenda o motivo desse crescimento de valor.
Por que houve aumento no preço dos carros?
As grandes fabricantes estão produzindo menos automóveis porque não existem semicondutores suficientes no mercado, ou seja, uma peça essencial em sua produção. Mas, além disso, há uma soma de grande demanda por chips por parte de empresas de tecnologia, que fabricam eletrodomésticos, computadores e telefones celulares até consoles de videogames.
Segundo Willy Shih, professor da Escola de Negócios da Universidade Harvard, a escassez afeta toda a cadeia de fabricação na indústria automobilística, ou seja, afeta todas as empresas que fabricam autopeças. Disse ele em sua entrevista à BBC News Mundo.
No Japão, país de marcas como Toyota e Nissan, a escassez de peças fez com que as exportações do setor caíssem 46% em setembro. Isso em comparação com o ano anterior. Portanto, uma clara demonstração da importância da indústria automobilística para sua economia.
No último ano, não há produção de 8 milhões de veículos. Essa situação traduz uma perda de faturamento de cerca de US$ 200 bilhões para a indústria automotiva.
Alta de preços
Como não existem produtos novos em quantidade suficiente disponíveis no mercado, a demanda por veículos usados aumentou. Com isso, houve um aumento do custo médio de um automóvel de segunda mão nos Estados Unidos para mais de US$ 25 mil.
Mas o mesmo vem ocorrendo em outras partes do mundo. No México, por exemplo, que é o quarto exportador mundial de automóveis e o sétimo fabricante. O país, que exporta cerca de 80% de sua produção e tem a liderança na indústria automobilística da América Latina, está enfrentando os efeitos da escassez mundial na fabricação de carros.
Efeitos trabalhistas e econômicos
Embora os automóveis sejam produzidos em diferentes regiões do mundo, grande parte da fabricação está concentrada em alguns países. Por exemplo, os Estados Unidos e a China. Mas também participam dessa cadeia outras nações menores, como a Eslováquia.
Este último, país europeu com apenas pouco mais de 5,6 milhões de habitantes, abriga grandes fábricas da Volkswagen, Peugeot e Kia. Lá é produzido 1 milhão de automóveis por ano, o que faz da Eslováquia a nação com a maior produção de carros per capita do mundo. Portanto, isso faz com que os problemas na indústria automobilística tenham um forte efeito na economia eslovaca.
Quando todas as pessoas que intervêm na cadeia de produção de um carro veem-se afetadas, a economia local sente o impacto. Especialmente quando algumas fábricas são fechadas temporariamente.
Ainda não há previsão de quando o preço dos carros irá normalizar. Afinal, é preciso encontrar as peças que estão escassas no mercado.