O preço do aluguel aumentou pelo Brasil consideravelmente nos últimos anos. De acordo com dados divulgados pelo índice FipZap, a alta dos preços das locações no acumulado dos últimos 12 meses chegou a 17,05%. Dentre 11 capitais brasileiras, as que apresentaram um aumento maior no preço do aluguel foi Florianópolis (SC), que acumulou uma alta de 33,36% e Goiânia (GO), que acumulou uma alta de 31,23%.
Diante deste cenário, se torna importante saber o que está impulsionando esses preços cada vez mais para cima. Alguns fatores diferentes estão contribuindo para essa realidade, e você vai descobrir tudo sobre eles abaixo. Além disso, confira também um panorama sobre o que esperar para os próximos meses, em relação ao preço do aluguel no país.
Por que o preço do aluguel aumentou?
Como justificativa para o aumento dos preços do aluguel pelo país, podemos indicar 3 razões principais. Dessa forma, é possível apontar o reequilíbrio dos preços no período pós pandemia, a variação de indexadores de aluguel, e também a crescente demanda por imóveis melhor localizados. Confira mais detalhes sobre cada um deles agora!
1- Reajuste de preços após a pandemia
Um dos principais motivos que podem ser apontados em relação ao aumento do preço do aluguel, é o reajuste dos valores no período pós-pandemia em que vivemos. Durante a fase mais severa da pandemia de COVID-19, muitos proprietários acabaram oferecendo descontos e condições especiais aos seus inquilinos. Isso aconteceu pois muitas pessoas perderam o emprego, ou tiveram a sua renda reduzida drasticamente.
Dessa forma, depois que esse período difícil passou, chegou o momento de retomar os valores antigos, e para isso, foi necessário um reajuste. Com a reabertura da economia, os proprietários, que haviam baixado seus preços para manter seu imóvel ocupado, começaram a mexer novamente nos preços para retomar a sua média de rendimento.
2- Variação de indexadores de aluguel
Outro forte motivo que influencia diretamente no preço dos aluguéis pelo país é a variação encontrada em alguns índices de preço. Isso se deve ao fato de que, também durante a pandemia, parte das negociações também foram feitas para trocar o tradicional Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M, também conhecido como “inflação do aluguel”) pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, a inflação oficial do país) como indexador nos novos contratos.
Dessa forma, nos momentos mais críticos durante a pandemia, em 2021, o IGP-M chegou a acumular uma variação positiva de mais de 37%. Isso acabou pressionando a alta dos preços das commodities e o avanço da inflação no atacado. Por esse motivo, diversos proprietários que possuíam contratos indexados no IGP-M anteriormente, acabaram optando por substituir o índice pelo IPCA.
É justamente essa escolha pelos contratos indexados pela inflação oficial do país que também ajuda a explicar o aumento dos preços dos aluguéis atualmente. Enquanto o IPCA acumula uma alta de 5,60% nos 12 meses até fevereiro deste ano, o IGP-M teve uma variação positiva de 1,86% durante o mesmo período.
De certa forma, isso também acaba incentivando o proprietário a fazer o repasse de preços ao locador. Uma vez que a inflação sobe, ela reflete na renda do proprietário. Por isso, ele muitas vezes busca repor esses valores perdidos no aluguel.
3- Demanda maior por imóveis específicos
Para completar, o terceiro motivo que contribui para o aumento dos preços do aluguel é a velha e conhecida dinâmica da oferta e demanda. O início do ano, por exemplo, é uma época marcante nesse caso. Isso se dá pelo fato de que esse é o período onde muitos contratos de locação vencem. Em contraponto, também é o período em que muitos locatários estão em busca de um novo imóvel para viver.
Durante a pandemia, muitas pessoas acabaram transferindo seus trabalhos para a modalidade home office. Dessa forma, sem precisar se locomover até o trabalho, muitos deixaram de se importar se estavam perto da sede da empresa ou não – afinal, não precisavam se dirigir diariamente até o local. Por esse motivo, os imóveis mais distantes dos centros urbanos e mais afastados foram os mais procurados.
Entretanto, com a retomada do trabalho presencial, a distância da moradia com o local de trabalho voltou a ser uma questão importante e que atrapalha a qualidade de vida de muitos. O tempo perdido com a locomoção entre casa e trabalho é um ponto que pesa bastante para muitas pessoas. Dessa forma, a procura por imóveis bem localizados aumento bastante. Assim, podemos destacar a procura por casas ou apartamentos próximos a grandes centros comerciais, pontos de transporte público, entre outros.
Isso também aumentou a busca por imóveis menores – como os kitnets e microapartamentos. Esses são imóveis bem menores e muito compactos, mas muito bem localizados. Geralmente, estão situados em grandes centros, próximos a pontos de ônibus, metrô e demais transportes públicos.
Preço do aluguel aumentou: O que esperar para os próximos meses?
Apesar dos aumentos consideráveis no preço dos aluguéis nos últimos tempos, a previsão é que aconteça uma desaceleração nos próximos meses. Essa movimentação mais lenta dos valores do aluguel deve ser uma consequência da desaceleração da própria atividade brasileira. Ela deve apresentar impulsos mais moderados na economia e um mercado de trabalho mais fraco.
Além disso, existem diversos fatores relacionados à Taxa Selic, à economia do Brasil e do mundo e até mesmo do próprio mercado imobiliário que devem ser considerados. Como o setor já recuperou quase que de forma total as baixas de preços durante a pandemia, o esperado é que o aumento de preços seja bem mais modesto a partir de agora.
Em adição, os programas habitacionais do governo também devem ser levados em consideração, da mesma maneira que os projetos de lei voltados à essas questões do setor imobiliário. Assim, percebemos como diversas questões são capazes de influenciar no preço dos aluguéis por todo o Brasil.
A boa notícia, entretanto, é que diversos especialistas afirmam que o pior já passou. Dessa forma, podemos afirmar que o aumento dos preços já atingiu o seu ápice e que, a partir de então, a tendência é que esse aumento desacelere de forma considerável – o que é uma excelente notícia para quem vive de aluguel no país.