A cebola continua com o papel de “vilã” da inflação no país. Nos acumulado dos últimos 12 meses, o preço do quilo do legume disparou 151,7% no Brasil, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A saber, o indicador é considerado a inflação oficial do país.
Neste mês, o IPCA subiu 0,59%, após três meses de queda. No acumulado dos últimos 12 meses, o indicador registra uma alta de 6,47%, taxa 23,4 vezes menor que a variação acumulada pela cebola no mesmo período.
Em outubro, a cebola ficou 9,31% mais cara, na comparação com setembro. Essa foi a 11ª maior alta entre todos os itens pesquisados pelo IBGE no mês. Confira aqui os itens que tiveram avanços mais expressivos que o da cebola no mês passado.
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O que está fazendo o preço da cebola disparar?
De acordo com especialistas, os agricultores reduziram a área plantada do legume. Em síntese, isso aconteceu porque eles ficaram sem recursos para investir no cultivo. A saber, cerca de 70% da colheita de cebola no país é feita por pequenos agricultores familiares.
Em 2021, a produção do legume aconteceu de maneira excessiva, resultando na diminuição do preço pago aos agricultores. Agora, em 2022 os prejuízos estão sendo revertidos com uma produção menor, segundo Mariana Marangon, do Centro de Estudo de Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.
“Essa redução de área plantada foi focada nas regiões do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. É uma estimativa de quase 18% de redução em relação ao ano passado nessas regiões. Por conta disso tem essa redução na oferta disponível e os preços estão mais altos”, disse Marangon.
Além disso, houve imprevistos climáticos na Região Nordeste que ajudaram a pressionar os preços da cebola. Outro fator que contribuiu para isso foi o encarecimento de matérias-primas, como defensivos agrícolas e fertilizantes.
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Cebola deve seguir mais cara até 2023
A notícia não é muito positiva para aqueles que aguardam o barateamento do legume. Segundo Mariana Marangon, o resultado da safra na região Sul do país, que começa em novembro, poderá enfraquecer os preços da cebola no país.
“Óbvio que depende do clima, mas como a área plantada no Sul não deve mudar tanto em relação ao ano passado, podemos ter uma redução dos preços já para novembro e dezembro”, disse.
Contudo, o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz, não tem estimativas tão positivas assim. Ele acredita que os preços da cebola só deverão se normalizar apenas a partir de abril de 2023, quando o volume de chuvas diminuir.
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