A cebola assumiu o papel de “vilã” da inflação nos últimos meses no país. O preço do quilo do legume disparou 135% nos últimos 12 meses, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15).
A saber, o indicador é considerado a prévia da inflação oficial do país. Neste mês, o IPCA-15 subiu 0,16%, após dois meses de queda. No acumulado dos últimos 12 meses, o indicador chegou a 6,85%, taxa 19,7 vezes menor que a variação acumulada pela cebola no mesmo período.
Em São Paulo, o preço médio do quilo da cebola saltou de R$ 2,75 para R$ 7,29 entre os meses de setembro de 2021 e 2022. Isso quer dizer que o legume ficou 165% mais caro no estado, segundo o último levantamento do Procon-SP da cesta básica.
Essas altas expressivas estão afetando o consumo dos brasileiros. Como o preço da cebola está bem mais caro que em 2021, muita gente está buscando alternativas para o legume, que vem perdendo espaço na mesa das pessoas.
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O que está fazendo o preço da cebola disparar?
De acordo com especialistas, os agricultores reduziram a área plantada do legume. Em síntese, isso aconteceu porque eles ficaram sem recursos para investir no cultivo. A saber, cerca de 70% da colheita de cebola no país é feita por pequenos agricultores familiares.
Em 2021, a produção do legume aconteceu de maneira excessiva, resultando na diminuição do preço pago aos agricultores. Agora, em 2022 os prejuízos estão sendo revertidos com uma produção menor, segundo Mariana Marangon, do Centro de Estudo de Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.
“Essa redução de área plantada foi focada nas regiões do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. É uma estimativa de quase 18% de redução em relação ao ano passado nessas regiões. Por conta disso tem essa redução na oferta disponível e os preços estão mais altos”, disse Marangon.
Além disso, houve imprevistos climáticos na Região Nordeste que ajudaram a pressionar os preços da cebola. Outro fator que contribuiu para isso foi o encarecimento de matérias-primas, como defensivos agrícolas e fertilizantes.
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A notícia não é muito positiva para aqueles que aguardam o barateamento do legume. Segundo Mariana Marangon, o resultado da safra na região Sul do país, que começa em novembro, poderá enfraquecer os preços da cebola no país.
“Óbvio que depende do clima, mas como a área plantada no Sul não deve mudar tanto em relação ao ano passado, podemos ter uma redução dos preços já para novembro e dezembro”, disse.
Contudo, o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz, não tem estimativas tão positivas assim. Ele acredita que os preços da cebola só deverão se normalizar apenas a partir de abril de 2023, quando o volume de chuvas diminuir.
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