A junção entre os efeitos da pandemia da Covid-19 e a alta na inflação resultaram no aumento dos preços de uma série de itens. A carne é o produto que mais registrou alta nos preços nos últimos meses, sendo que um dia de trabalho do cidadão que recebe um salário mínimo não é o suficiente para comprar um quilo de carne bovina.
Diante da disparada nos preços, a produção de ovos de galinha bateu recorde ainda no ano passado, chegando a 4,8 bilhões de dúzias, ou seja, um aumento de 3,5% em comparação a 2019. Com base nestes dados, foi possível identificar que o Brasil já foi capaz de produzir 22,5 dúzias de ovos por habitante. Os números apurados bateram o recorde na história do país desde 1974.
O levantamento foi realizado por meio da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) 2020, mas foi divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) somente nesta quarta-feira, 29. Uma das explicações para o aumento no preço da carne se deve à alta do dólar, moeda base para cálculos relativos à compra de insumos pecuários, como a ração para o gado, portanto, afetando diretamente na elevação do valor da proteína animal.
Outro fator que tem contribuído para índices expressivos é o aumento da demanda chinesa sobre as carnes bovina e suína. A combinação entre esses impasses levam o cidadão brasileiro a recorrer ao ovo como proteína animal como uma alternativa para economizar nos gastos com alimentação.
De acordo com a equipe responsável pela equipe, durante o ano de referência do levantamento e considerando, sobretudo, a pandemia da Covid-29, nota-se que o ovo foi a proteína mais acessível em comparação a tantos outros produtos.
A Região Sudeste lidera a produção nacional de ovos em 43%. Já o maior estado produtor foi o de São Paulo, com 25,6% do total nacional.
Um ponto relevante foi a alta constante no rebanho bovino durante todo o decorrer de 2020, junto a um acréscimo de 1,5%, que gerou o total de 218,2 milhões de cabeças de gado. Segundo o IBGE, este número é maior do que a estimativa de população brasileira em 2021, que gira em torno de 213,3 milhões.
Os estados brasileiros pioneiros em rebanho bovino e responsáveis por esta alta são o Mato Grosso, Goiás e Pará. A alta do boi gordo foi o que mais marcou nos reajustes de preços. Ao analisar os dados da Secretaria de Comércio Exterior, cerca de 1,7 milhão de toneladas de carne in natura foram exportadas no ano passado. A alta foi de 10% em relação ao ano anterior.
“O novo recorde de exportação da carne bovina, explicado, especialmente, pela demanda chinesa – que teve alta de 74,5%, refletiu-se nos preços de toda a cadeia, do bezerro ao consumidor final”, declararam os pesquisadores.
Somente a China adquiriu 868,7 mil toneladas de carne bovina in natura. Os chineses também aumentaram o consumo de carne suína, sendo responsável por dobrar as exportações do Brasil em 98,8% em 2020.