O Ministério Público (MP) de São Paulo solicitou nesta terça-feira (28) a abertura de um inquérito que tem por objetivo apurar eventuais irregularidades no registro de domicílio eleitoral de Tarcísio de Freitas (Republicanos), que é ex-ministro da Infraestrutura e o apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) ao governo paulista.
Esse é o segundo pedido neste sentido. O primeiro foi feito pelo presidente do PSOL, Juliano Medeiros, o mesmo responsável pelo pedido que conseguiu anular a pré-candidatura do ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil) ao Senado pelo estado de São Paulo.
Na primeira solicitação, no entanto, o ex-ministro saiu vencedor. Isso porque o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) deu um parecer favorável a Tarcísio de Freitas, dizendo que seu domicílio eleitoral é legal.
Apesar do parecer do TRE, o MP fez o pedido. Isso, por conta de uma representação contra Tarcísio de Freitas proposta por Renato Battista (União Brasil), que é pré-candidato a deputado estadual em São Paulo e membro do Movimento Brasil Livre (MBL).
Na ação, o integrante do MBL solicita ao MP que o órgão ingresse “com todo o tipo de ação cabível perante a Justiça Eleitoral, a fim de impedir a candidatura de Tarcísio de Freitas”. Além do ex-ministro, o político também representou contra a ex-senadora Marina Silva (Rede).
“Como se sabe, a ex-senadora sempre desenvolveu suas atividades políticas representando o Acre. Agora, subitamente, sem qualquer explicação, a ex-senadora está se dizendo residente no Estado de São Paulo e pretende concorrer a um cargo público pelo Estado”, diz o documento sobre Marina Silva.
Em nota, o MP, ao relatar o encaminhamento da ação sobre Tarcísio de Freitas, não informou nada sobre a ação sobre Marina Silva, que deve ser vice de Fernando Haddad (PT), pré-candidato ao governo de São Paulo.
Tarcísio de Freitas comenta o caso
Na última segunda-feira (27), Tarcísio de Freitas comentou a ação, dizendo que não teme ser impedido de ser candidato em São Paulo. “A gente fez tudo com muito planejamento e estritamente dentro da lei. Foi analisado duas vezes (pela Justiça Eleitoral)”, afirmou ele, que morava em Brasília, mas transferiu seu título e declarou endereço em São Paulo, onde diz ter familiares residindo há mais de 20 anos.
“Há relação de afinidade, trabalho, afetiva, não é simplesmente o domicílio físico”, disse o ex-ministro em entrevista ao programa “Roda Viva”, da “TV Cultura”. De acordo com ele, a situação é diferente da de Sergio Moro. “Eu comecei minha trajetória profissional nas Forças Armadas em Campinas. É um pouco ‘forçação’ de barra dizer que não tenho vínculo com o Estado. Eu tenho família em São José dos Campos”, explicou Tarcísio de Freitas.
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