Em Portugal, o presidente eleito democraticamente com mais de 59 milhões de votos, Luiz Inácio Lula da Silva, que tomará posse apenas em 1º de janeiro de 2023, já é considerado um chefe de Estado. Depois da agenda de Lula na COP27, o petista viajou a Portugal a convite do presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa. Este fato restabeleceu os laços históricos entre os dois países após um hiato de 4 anos sob o governo de Jair Bolsonaro.
Reaproximação
Lula buscou reorientar a diplomacia brasileira, encontrando-se com os presidentes Marcelo Rebelo de Sousa e Filipe Nyusi, de Moçambique, e com o Primeiro-ministro de Portugal António Costa para mostrar que é possível aproximar a América do Sul da Europa e fortalecer os laços dos países africanos de língua portuguesa.
“É um virar de página. Há muito tempo que não tínhamos um encontro assim. Portugal tinha muitas saudades do Brasil, há muito tempo que não estávamos juntos. E eu, pessoalmente, tinha muitas saudades do presidente Lula”, afirmou o primeiro-ministro português.
Por sua vez, Lula disse buscar sabedoria política com o presidente Marcelo e o primeiro-ministro, que inventaram um suposto aparelho que ganhou eleições e consertou a economia portuguesa, referindo-se a uma coalizão informal que ajudou a extrema direita a manter a extrema direita enfraquecida.
Lula quer ir mais vez para Portugal
Lula disse que sentiu saudades de Portugal e prometeu voltar para o país outras vezes. Aliás, a primeira delas está prevista para o ano que vem, quando entregará o prêmio Camões a Chico Buarque, a quem Bolsonaro não quis endossar.
Além dos prêmios, Portugal e Brasil voltam a realizar cúpulas regulares a partir de 2023, bem como encontros entre a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Importante destacar que, a cúpula bilateral, que não acontece há seis anos, visa coordenar decisões políticas e econômicas que afetam a vida de brasileiros e portugueses.
Sendo assim, dentre os tópicos que devem ser discutidos, pode-se destacar: questões burocráticas, imigração do Brasil para Portugal, xenofobia e atrasos na legalização de documentos.
Fortalecimento do Brasil junto a Europa
Na frente europeia, Portugal irá apoiar a ratificação pelo Brasil do acordo comercial entre a UE e o Mercosul. O texto foi aprovado em 2019, mas os representantes europeus votaram pela rejeição após concluírem que o país não garantiria a proteção da Amazônia diante dos crescentes indicadores de desmatamento.
Desse modo, o presidente português disse que Europa, Brasil e América Latina devem trabalhar juntos. “Eu tenho muita esperança que o próximo ano, marcado pela Presidência de Lula e a presidência da Espanha na União Europeia, seja o momento de grande reencontro entre a Europa e a América do Sul em geral”, afirmou Marcelo Rebelo.
Em suma, com sua promessa política de conter a destruição das florestas brasileiras, o governo Lula busca tirar do papel o Tratado de Livre Comércio entre Mercosul e União Europeia.