Já tem algum algum tempo que o mundo está assistindo os recorrentes protestos em Paris, que estão acontecendo há algumas semanas sem cessar. Pelo menos 100 cidades francesas foram tomadas por 200 mil manifestantes que são contra a vacinação obrigatória dos profissionais de saúde e contra o passaporte sanitário decretado pelo presidente Emmanuel Macron. Cerca de 3 mil policiais precisaram se mobilizar para conter o tumulto.
O último protesto ocorreu nesse sábado (31) e houve enfrentamento entre os policiais e os manifestantes, mas esse já é o terceiro sábado consecutivo. Entretanto, de acordo com o Ministério do Interior francês, 204.900 pessoas participaram dos protestos, um aumento em relação aos 110.000 e 160.000 manifestantes em 17 e 24 de julho.
Os manifestantes gritavam, entre outras coisas, “liberdade, liberdade” e exigiam a saída do presidente Emmanuel Macron. “Eu sou o Judas de Macron”, “Vacine-me contra o fascismo e o capitalismo”, “Presidente, deputados, senadores, cientistas, jornalistas, são todos covardes” ou “Mídia mentirosa! Queremos a verdade”, eram algumas frases exibidas nas faixas dos manifestantes. Itália, Grécia e Austrália também registraram manifestações.
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Os protestos em Paris e o negacionismo
O passaporte sanitário foi oficializado pelo presidente francês em 12 de julho, exigindo a vacinação contra a Covid-19 para o acesso a inúmeras atividades culturais e sociais. O documento traz um código QR que, ao ser escaneado na entrada do estabelecimento, informa se a pessoa está completamente vacinada contra a covid-19, se teve a doença nos últimos seis meses ou se tem um teste negativo para o coronavírus feito nas últimas 48 horas.
Apenas nesse domingo (01) os deputados e senadores franceses aprovaram o projeto de lei, exigindo a apresentação de um certificado de vacinação com as duas doses ou um teste negativo recente. Sendo assim, a partir de 9 de agosto será obrigatório para frequentar bares e restaurante e viajar em aviões e trens de longa distância.
Isso é parte da explicação do por que a França está apresentando um aumento na circulação do coronavírus, com mais de 24.300 casos registrados na sexta-feira (30), embora já tenha batido a marca de 50% da população vacinada.
Em apoio aos protestos, Jérôme Rodrigues, figura conhecida por defender abertamente o negacionismo científico no país, criticou “os membros do governo e da imprensa que vendem a eficácia da vacina, sem que haja comprovação”. Ele foi um dos principais nomes na revolta dos “coletes amarelos”.
Apesar das manifestações, pesquisas indicam que a maioria dos franceses são a favor das medidas de controle. Um levantamento do Instituto Elabe divulgado em 13 de julho mostrou que 76% dos franceses concordam com a vacinação obrigatória. A expansão do passe de saúde também tem a aprovação da maioria.
Revolta dos “coletes amarelos”
Os “coletes amarelos” ganharam notoriedade em atos contra Macron desde 2018, e do vice-presidente do partido ultradireitista Reunião Nacional, Florian Philippot, que chamou Macron de “tirano”, acusando-o de impulsionar uma política de “apartheid”. Foi um dos momentos em que os protestos em Paris e em toda a França se intensificaram.
O movimento que começou se manifestando contra o aumento do preço do combustível proposto pelo governo francês acabou ampliando suas reivindicações.
Segundo a jornalista Cathy Dos Santos, o movimento começou a partir de uma petição proposta por uma cidadã, Priscillia Ludosky, exigindo “uma diminuição dos preços dos combustíveis” nos postos de gasolina. Divulgada no dia 21 de outubro pelas redes sociais, esta reivindicação se tornou viral – vale reforçar a importância das redes sociais -, chegando a totalizar mais de 200 mil assinaturas em poucos dias. Hoje, a petição ultrapassa 1 milhão. Naquele momento, foi decidida uma jornada de ação, via Facebook.