Vários políticos e juristas comentaram nesta terça-feira (08) as falas do podcaster e influenciador Bruno Aiub, mais conhecido como Monark, favoráveis à possibilidade da criação de um partido nazista no Brasil. Isso, segundo ele, em nome da liberdade de expressão.
Podcast Flow anuncia demissão de Monark após falas antissemitas
As declarações de Monark foram feitas durante uma edição especial do Flow Podcast que contou com a participação dos deputados federais Kim Kataguiri (DEM-SP) e Tabata Amaral (PSB-SP). Na hora em que eles estavam comentando sobre a liberdade de expressão, Monark afirmou que, em sua opinião, a esquerda radical tem muito mais espaço do que a direita radical.
“As duas tinham que ter espaço. Eu sou mais louco que todos vocês. Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista, reconhecido pela lei”, disse o podcaster, rapidamente rebatido por Tabata Amaral. “A liberdade de expressão termina onde a sua expressão coloca em risco a vida do outro”, explicou a parlamentar, completando que “o nazismo é contra a população judaica e isso coloca uma população inteira em risco”.
Repercussão das falas
Por conta das falas, Monark foi o assunto mais comentado nesta terça-feira, inclusive no mundo da política e jurídico. Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes foram alguns dos que comentaram o caso.
Segundo Gilmar Mendes, qualquer apologia ao nazismo deve ser considerada criminosa. “O discurso do ódio contraria os valores fundantes da democracia constitucional brasileira. Minha solidariedade à comunidade judaica”, afirmou.
Já Alexandre de Moraes ressaltou que a Constituição estabelece que a liberdade de expressão é sim um direito fundamental. No entanto, esse direito tem limites e a apologia ao nazismo ultrapassa todos eles. “A Constituição consagra o binômio: liberdade e responsabilidade. O direito fundamental à liberdade de expressão não autoriza a abominável e criminosa apologia ao nazismo”, disse.
Além dos ministros, políticos que são pré-candidatos à presidência também publicaram sobre o caso. João Doria (PSDB), afirmou que “a defesa do nazismo é um crime e uma agressão à humanidade”. Já Ciro Gomes (PDT) ressaltou que a ideia de Monark da criação de um partido nazista não poderia nunca ser colocada em pauta.
De acordo com ele, faltou leitura ao influenciador “e um pouco menos de vontade de chocar, que é próprio da juventude”. “A tolerância, grande virtude humana, e o respeito ao pluralismo e à liberdade de expressão, não podem ser de tal forma largos que permitam a existência de organizações e ideologias que as destruam”, publicou o político.
Por fim, até mesmo a embaixada da Alemanha se pronunciou sobre o caso, afirmando que defender o nazismo não é liberdade de expressão. “Não. Defender o nazismo não é liberdade de expressão. Quem defende o nazismo desrespeita a memória das vítimas e dos sobreviventes desse regime e ignora os horrores causado por ele”, publicou a entidade.
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