Nos últimos quatro anos, muitas multinacionais e fundos de investimentos queriam investir no Brasil, mas sentiam que não podiam, devido ao presidente Jair Bolsonaro e suas políticas para a Amazônia.
Mesmo em segmentos não explicitamente ligados ao meio ambiente, como imóveis comerciais ou redes de restaurantes, havia a sensação de que os conselhos de administração e os clientes não tolerariam maior exposição a um país onde tanto a floresta tropical quanto a própria democracia estavam sob ameaça.
“Marca Brasil”
A chamada “marca Brasil” tornou-se tóxica, especialmente na Europa, onde a ascensão de Bolsonaro ao poder coincidiu com o surgimento das metas ESG (ambientais, sociais e de governança) como o novo padrão de desempenho corporativo. Ainda assim, o país recebeu cerca de US$ 50 bilhões em investimento estrangeiro direto em 2021, tornando-se o sexto maior receptor do mundo. No entanto, este montante é apenas cerca de metade do nível que o país recebeu no início de 2010.
Mudança de paradigma
Agora, com a saída de Bolsonaro, o Brasil tem a chance de recuperar muitos de seus investimentos. O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva disse muita coisa certa, ao viajar para a cúpula do clima da COP no Egito para sua primeira viagem ao exterior pós-eleitoral, declarando “o Brasil está de volta” e deixando claro que o crescimento sustentável será um pilar de seu governo.
Apesar disso, Lula enviou sinais confusos sobre sua futura política econômica, novamente movendo bilhões para fora do Brasil dos investidores, pelo menos até que as coisas fiquem mais claras.
Comparativo entre governos
Durante o primeiro mandato presidencial de Lula (2003–2010), a taxa de desmatamento caiu cerca de 75%. Com a transição requerendo muitos recursos financeiros, conhecimento técnico, uma boa equipe e a capacidade de construir um consenso político em torno da conservação nas áreas afetadas.
Em contrapartida, sob a gestão de Bolsonaro, o desmatamento voltou a níveis não vistos desde 2008. Desde a eleição, o número de incêndios na Amazônia aumentou mais 1.200% em relação ao ano passado, com fazendeiros e madeireiros cortando, queimando e expulsando indígenas de suas terras, segundo dados de satélite.
Perspectivas para o Brasil
Apesar das expectativas, não será uma mudança rápida e fácil. O Brasil terá um orçamento apertado em 2023, em parte porque Bolsonaro gastou bilhões em subsídios e pagamentos adicionais de bem-estar este ano em um esforço para a reeleição. Além disso, Lula vem buscando gastos adicionais para continuar um programa de bem-estar que paga aos brasileiros mais pobres, cerca de R$ 600 por mês em um momento de inegável necessidade social.
Crucialmente, má gestão fiscal, escândalos de corrupção e o fim do boom das commodities devastaram a economia brasileira em meados de 2010 sob a sucessora escolhida a dedo por Lula, Dilma Rousseff. Com isso, o brasileiro médio ainda está 10% abaixo do que era há uma década, muito devido à crise. Em suma, superar a era Bolsonaro e curar a Amazônia são pré-requisitos para muitos retornos de investimento no Brasil, mas não são suficientes por si só.