O Ministério Público do DF (MPDFT) revelou, nesta sexta-feira (17), que denunciou três policiais penais que atuam no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal acusados de terem torturado um preso que se manifestou contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em março deste ano.
Segundo as informações, o detento teria mostrado uma faixa que chamava o chefe do Executivo de “genocida”. Após o caso, a vítima, Rodrigo Grassi, conhecido como Rodrigo Pilha, de 43 anos, prestou depoimento, mas não foi liberado, pois permaneceu preso por conta de um processo por desacato, registrado em 2014 – ele só foi liberado em julho.
A tortura
Rodrigo foi preso pela Polícia Militar (PM) em março deste ano, junto a outras quatro pessoas, depois que o quinteto estendeu uma faixa que atribuía uma suástica a Bolsonaro. À época, a prisão foi feita com base na Lei de Segurança Nacional.
No mesmo dia, tirando Rodrigo, que tinha um mandado de prisão aberto em seu nome, as quatro pessoas foram liberadas pela Polícia Federal (PF) após prestarem os esclarecimentos.
De acordo com Rodrigo, as agressões foram feitas quando ele chegou na Divisão de Controle de Custódia de Presos (DCCP). Segundo ele, ao chegar no local, um dos policiais disse: “Esse aí é aquele vagabundo do PT”.
Conforme Rodrigo, esse mesmo agente o chutou, mencionou o presidente e ainda o provocou por conta de sua idade. “Ainda não arrumou um emprego decente? Fica com cargo comissionado, é? É pra isso que o Bolsonaro veio, pra acabar com essa mamata do PT”, teria dito o agente.
Além do policial que o agrediu, outros dois estão envolvidos no suposto crime. Um é acusado de ter presenciado os fatos e não impedido, além de tentar convencer que o caso não fosse denunciado. O outro é um policial que, segundo Rodrigo, teria entrado na cela onde ele estava e dado cacetadas nas mãos e na cabeça de todos os presos.
De acordo com o Sindicato dos Policiais Penais do Distrito Federal (Sindpol), que é quem defende os três policiais, que não tiveram seus nomes revelados, visto que o processo corre em segredo de justiça, as acusações são uma “calúnia”. O Sindpol também afirma que “os policiais ainda não foram ouvidos” no processo.
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