No dia 14 de novembro, a Polícia Civil de Campo Bom, na Região Metropolitana de Porto Alegre, iniciou uma investigação após um pedido de delivery para uma pastelaria vir acompanhado de uma observação de cunho racista.
A nota dizia: “última vez veio um motoboy negro, peço a gentileza que mande um branco, não gosto de pessoas assim tocando a minha comida”. A pastelaria, ao receber o pedido e a observação, prontamente cancelou a solicitação e acionou a Polícia Civil.
O caso gerou indignação e levantou discussões sobre racismo e discriminação na sociedade.
A Investigação em Andamento
A Polícia Civil, por meio do delegado Rodrigo Câmara, está investigando o caso para identificar o autor da observação racista. O nome que assina o pedido não corresponde a nenhum morador do prédio indicado para a entrega, e o número do apartamento fornecido também não existe. A polícia está em busca de pistas que possam levar à identificação do responsável, incluindo a análise de possíveis pagamentos e rastreamento da origem do pedido.
De acordo com o delegado Câmara, se for comprovado que a intenção do autor era ofender uma pessoa especificamente, ele poderá ser responsabilizado pelo crime de injúria racial. Por outro lado, se a intenção era discriminar um grupo de pessoas com base na cor da pele, o autor poderá responder por um dos tipos penais de racismo. Nenhuma hipótese está sendo descartada pela polícia, inclusive a possibilidade de o pedido ter sido um trote.
O Envolvimento da Plataforma de Entregas
O pedido com a observação racista foi feito por meio da plataforma de entregas Ifood. Ao ser informada sobre o caso, a empresa repudiou veementemente qualquer atitude racista. Segundo informações fornecidas pela plataforma, a conta utilizada para fazer o pedido foi criada na mesma data, 14 de novembro, e tinha apenas esse único pedido realizado, que continha a frase racista.
O Ifood entrou em contato com os donos da pastelaria para prestar o apoio necessário e já está tomando medidas para bloquear o cliente envolvido. A empresa ressaltou que esse tipo de comportamento vai contra os termos de uso da plataforma e que não tolera qualquer forma de discriminação. Além disso, o Ifood disponibiliza suporte jurídico e psicológico para seus entregadores parceiros, por meio de uma parceria com a organização Black Sisters In Law.
A Reação dos Proprietários da Pastelaria
Daniela Rodrigues, uma das proprietárias da pastelaria, reagiu imediatamente ao receber a mensagem com a observação racista. Ela cancelou o pedido e pediu à pessoa que não fizesse mais solicitações ao estabelecimento. Daniela deixou claro que não deseja atender clientes com esse tipo de postura discriminatória. Infelizmente, a pessoa que fez o pedido ainda proferiu palavras ofensivas em resposta.
O motoboy mencionado na observação racista é o marido de Daniela, Gabriel Fernandes, que também é sócio da pastelaria. O casal administra o estabelecimento há dois anos e não esperava ser alvo de um ato tão repugnante.