As investigações por parte da Polícia Federal sobre os atos golpistas de 8 de janeiro continuam e um dos objetivos dos agentes federais é identificar qual impressora foi utilizada para realizar a impressão da “minuta do golpe”, documento encontrado na casa do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, que pretendia reverter o resultado das eleições.
Segundo a Polícia Federal, é possível utilizar uma tecnologia que permite indicar de qual impressora o documento saiu. “Há um tipo de exame específico feito em sede de documentoscopia, a partir do bitmap da impressão, que torna possível identificar a impressora de origem do documento”, afirmou um dos investigadores. Com isso, é possível apontar o modelo do equipamento e em qual local ela está instalado, como, por exemplo, um órgão público.
“A hipótese de uso desse rastreamento ainda passa por uma avaliação técnica, em razão de uma questão prática: o exame só devolve um resultado preciso se a impressão tiver sido feita em impressoras de médio ou grande porte. Ou seja, a perícia não retornará um resultado de qualidade se ‘a minuta do golpe” tiver sido impressa em um equipamento residencial”, afirmou o investigador.
No início deste mês de fevereiro, a Polícia Federal identificou impressões digitais no documento encontrado na casa de Anderson Torres. Desde então, um cruzamento de dados vem sendo feito, buscando saber quem teve contato com a minuta, permitindo o avanço da investigação.
TSE mantém minuta do golpe em ação contra Bolsonaro
O plenário do Tribunal Superior Eleitoral acatou, por unanimidade, a decisão do corregedor-geral eleitoral, Benedito Gonçalves, de que tanto o ex-presidente Jair Bolsonaro, quanto o Walter Braga Netto, candidato a vice na tentativa de reeleição, devem responder pela minuta do golpe encontrada na casa de Anderson Torres.
Inclusive, a Justiça Eleitoral chegou a negar um pedido da defesa do ex-presidente sobre retirar o documento em processo sobre conspiração contra as eleições. Em ação protocolada, Jair Bolsonaro é acusado de abuso de poder político e utilização indevida nos meios de comunicação por atacar, sem provas, o sistema eleitoral em reunião com embaixadores, em julho de 2022. A inserção da minuta no processo foi feita a pedido do PDT, embora seja criticada pela defesa.
De acordo com os advogados de Bolsonaro, o documento é “apócrifo”, e não foi encontrado nem com Bolsonaro, nem com Braga Netto. O entendimento da defesa difere do relator da ação, ministro Benedito Gonçalves, que afirma que o documento tem relação com o teor do discurso do ex-presidente.
“Que sejam admitidos no processo e considerados no julgamento elementos que se destinem a demonstrar desdobramentos dos fatos originariamente narrados, a gravidade, qualitativa e quantitativa, da conduta que compõe (…) a responsabilidade dos investigados e de pessoas em seu em torno”, afirmou o ministro. A minuta do golpe pedia uma intervenção contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), chamado de “estado de defesa”, buscando anular o resultado da eleição vencida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).