Nesta sexta-feira (17) a Polícia Federal confirmou que uma parte dos restos mortais encontrados no Vale do Javari, no Amazonas, são de fato pertencentes ao jornalista britânico Dom Phillips. O material vem sendo analisado pelo Instituto Nacional de Criminalística, localizado em Brasília e, de acordo com a corporação, a identificação foi possível com base no exame dos dentes.
“A confirmação foi feita com base no exame de Odontologia Legal combinado com a Antropologia Forense”, afirmou a Polícia Federal em nota. Ainda, de acordo com a nota publicada, “encontram-se em curso os trabalhos para completa identificação dos remanescentes para a compreensão das causas das mortes, assim como para a indicação da dinâmica do crime e ocultação dos corpos”.
Os restos mortais encontrados no local das buscas seguiram para Brasília na noite da última quinta-feira (16), por volta das 18h30. Dessa forma, ainda se faz necessário verificar se a outra parte dos restos mortais pertencem ao indigenista Bruno Pereira, bem como a forma de execução das vítimas.
A confissão de um dos suspeitos, Amarildo da Costa Oliveira, também conhecido como “Pelado”, foi fundamental para a localização dos restos mortais. Amarildo confessou que Bruno e Dom foram assassinados a tiros e que os corpos foram esquartejados e enterrados, além de ter indicado para a Polícia Federal a localização dos corpos.
Dom Phillips e Bruno Pereira estavam desaparecidos desde o dia 5 de junho, quando faziam uma viagem na terra indígena do Vale do Javari, em uma região que faz fronteira tanto com a Colômbia quanto Peru.
Prosseguimento das investigações das mortes de Dom e Bruno
Ainda hoje, a Polícia Federal havia informado que sua linha de investigação sugere que mais três indivíduos tenham participado do crime, além dos atuais suspeitos que confessaram o crime. Contudo, até o momento, acredita-se que não há envolvimento de facções criminosas.
“As investigações prosseguem e há indicativos da participação de mais pessoas na prática criminosa. As investigações também apontam que os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito”, disse a Polícia Federal em comunicado mais cedo.
Contudo, um grupo indígena da localidade, Unijava, que teve papel fundamental na liderança das buscas por Bruno Pereira e Dom Phillips, disse que havia informado a Polícia Federal diversas vezes ainda em 2021 sobre a existência de um grupo de crime organizado na região do Vale do Javari.
“O requinte de crueldade utilizado na prática do crime evidenciam que Pereira e Phillips estavam no caminho de uma poderosa organização criminosa que tentou a todo custo ocultar seus rastros durante a investigação”, afirmou, em nota, o grupo indígena Unijava.
Ainda, de acordo com a entidade, diversos documentos foram enviados ao Ministério Público, à Polícia Federal e à Funai com o detalhamento da atuação da organização criminosa na região. Inclusive, Dom e Bruno teriam recebido bilhetes anônimos com ameaças de morte.
Além do grupo indígena, a INA, sindicato que representa os trabalhadores da Funai, também compartilhou a mesma opinião em uma nota própria divulgada. “Todos sabemos que a violência no Vale do Javari tem conexões com ampla cadeia de crime organizado”, afirmou a INA.