É inegável que o Pix, a ferramenta criada pelo Banco Central para transferência de dinheiro gratuita e instantânea entre instituições financeiras, tem sido muito importante para o avanço da economia brasileira. Além de facilitar e agilizar as transações entre pessoas física e no comércio, ela cumpre um papel muito importante na bancarização da população brasileira.
Contudo, embora tenha gerado diversos benefícios, ela acabou retirando uma receita considerável dos maiores bancos listados na bolsa de valores brasileira (B3) – Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander. Estima-se que os bancos deixaram de arrecadar R$1,5 bilhão em 2021.
Isso se deve pelo fato de, antes da existência do Pix, as transações serem majoritariamente realizadas por TED e DOC. Estes dois formatos são serviços pagos, enquanto o PIX é feito de forma gratuita para pessoas físicas. Atualmente, o Pix domina as transferências entre bancos, correspondendo a 72% do total.
Nesse sentido, apenas em janeiro deste ano, a quantidade de transações através do Pix chegou a 1,3 bilhão. Tal número chega a ser seis vezes maior que a quantidade de transações via Pix realizadas no mesmo período do ano anterior, segundo informações do Banco Central.
Contudo, ainda que esta receita proveniente de transações bancárias tenha sofrido impacto, pouco afetou o lucro dos bancos em 2021, visto que, durante o período, o lucro das receitas das instituições financeiras cresceu R$122 bilhões.
Compensação de perdas relativas ao Pix
O Banco do Brasil foi a instituição financeira mais afetada pela ferramenta de pagamentos instantâneos gratuitos, o Pix. Segundo o banco, a sua receita com conta corrente foi reduzida em 17% no ano passado. Com isso, segundo o presidente do banco, Fausto Ribeiro, a instituição busca maneiras para compensar as perdas com a oferta de outros serviços. O Banco do Brasil responde por 30% do volume movimentado via Pix.
Por outro lado, o Bradesco, tem buscado compensar as perdas através da proposição de novas receitas, como, por exemplo, o investimento em suas marcas de instituições financeiras digitais, Next e Bitz, que, atualmente, possuem mais de 14 milhões de clientes. “86% das pessoas que estão nos ativos digitais não tinham conta no banco”, disse Lazari, presidente do banco.
Nesse sentido, o Itaú irá lançar, em breve, o Pix crédito, que ainda se encontra em desenvolvimento. Segundo o presidente do banco, Milton Maluhy, o projeto “ainda está em fase embrionária, é uma evolução do Pix para o Pix Crédito” e, segundo ele, “o Pix veio para ficar, não brigamos com o que é bom para o cliente”.
No entanto, o Santander mostra certo pessimismo quanto a perda da receita. Segundo o presidente do conselho do banco, Sérgio Rial, a escolha foi reduzir custos. “Não tem (como compensar a queda de receita), vai ter de otimizar”, disse Rial.
Segundo dados do Banco Central, o Pix chegou a retirar R$40 bilhões de circulação em espécie no Brasil entre janeiro e outubro de 2021. A ferramenta foi adotada em larga escala pela população brasileira, movimentando mais de R$550 bilhões por mês em uma média mensal de 1 bilhão de transações.