Mesmo diante do alarde quanto ao vazamento das chaves PIX no final do mês de setembro, o acontecimento não foi o suficiente para inibir os cidadãos sobre o uso da chave. Isso foi notado através do avanço significativo das transações por meio do sistema de pagamento instantâneo.
A circunstância foi confirmada pelo Banco Central do Brasil (BCB), que apontou que no dia 6 de outubro, cerca de 45 milhões de transações foram realizadas via PIX. Este é número marca um recorde para um único dia. Para ser mais preciso, foram 44.765 transações via PIX na última quarta-feira, 6.
Até então, o recorde inicial havia sido batido no dia 1º do mesmo mês, com 40.881.959 transações. É importante observar que o novo recorde corresponde ao volume de transações realizadas em um único dia, e não ao montante total movimentado por elas, que pode ser muito maior.
De acordo com o Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI), sistema operacional do PIX, no dia 1º de outubro, foi movimentada uma quantia exata de R$ 26.827.201,01 via PIX. Enquanto isso, no dia 6 de outubro, o total das transações foi de R$ 25.643.478,26.
Embora a quantia referente ao dia 6 seja inferior, o número de transações superou a data anterior. Ao fazer uma análise entre o volume de transações e o total de dinheiro movimentado, nota-se que no dia 6 de outubro o PIX teve um valor médio de R$ 572,84 por transação, contra R$ 656,21 do dia 1º do mesmo mês.
Conforme apurado, as transações via PIX entre o período de 1º a 10 de outubro tem uma variação entre R$ 188,54 no valor mínimo contra R$ 656,21 na quantia máxima, segundo o Banco Central. É importante ressaltar que as transações realizadas durante os finais de semana contribuem para a preferência dos brasileiros pelo uso da chave PIX.
Para ter uma noção maior sobre o tema, é preciso saber que o Sistema de Transferência de Fundos (SITRAF), responsável por fazer a compensação e liquidação de transferências via TED, registrou 66.439.206 operações durante todo o mês de setembro de 2021. Este número equivale a 3.163.772 transações. Tendo em vista que TEDs não podem ser realizados aos finais de semana, o cálculo considera somente dias úteis.
Em contrapartida, o Sistema de Liquidificação Diferida das Transferências Intercambiárias de Ordens de Crédito (SILOC), responsável pelas transações via DOC, informou que foram registradas 6.327.071 operações via DOC, cuja média é de 301.289 operações por dia útil. Os números não são uma surpresa, tendo em vista que o PIX está ativo há quase um ano, desde novembro de 2020. Ainda assim, foi preciso dois meses para que o PIX superasse os TEDs e DOCs no que compete ao volume de transações.
É importante observar também que, à medida que o número de transações via PIX cresce, a preocupação com a segurança também aumenta, especialmente após o compartilhamento de chaves PIX sem o consentimento dos titulares.
De acordo com o líder de inovações financeiras da Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central (Fenasbac), e também coordenador do Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas (LIFT Lab), recordou que as transferências via PIX, por si só, já são um procedimento seguro. Essas mudanças visam reforçar isso ainda mais.
Segundo ele, do ponto de vista tecnológico e em comparação a outros meios de pagamento presentes no mercado financeiro, não existe nenhum outro sistema mais seguro que o PIX. As investidas do Banco Central têm o intuito de ampliar o sistema de segurança para o lado relacionado à engenharia social e segurança pública.
Normalmente, a engenharia social é o método utilizado quando há o compartilhamento de boletos por pessoas se passando por atendentes de companhias telefônicas e similares.
Conforme o Banco Central, a partir do dia 16 de novembro, novas medidas de proteção entrarão em vigor. Entre elas está o bloqueio cautelar capaz de reter uma transação via PIX por até 72 horas em caso de suspeita de irregularidades, bem como a ampliação do uso de informações vinculadas a chaves PIX com o intuito de prevenir fraudes.