A Procuradoria-Geral da República (PGR) revelou na quarta-feira (02) que precisa ampliar as apurações para somente depois disso decidir se vai ou não denunciar o presidente Jair Bolsonaro (PL) pela criação e propagação de notícias falsas relacionadas ao sistema eleitoral em transmissões feitas em suas redes sociais.
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De acordo com Lindôra Araújo, subprocuradora-geral da República, essas diligências devem ser feitas em conjunto com o inquérito que investiga a atuação de uma milícia digital que atua contra as instituições e a democracia.
Essa manifestação acontece porque, em fevereiro, assim como publicou o Brasil123, Alexandre de Moraes, ministro Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a PGR deveria se posicionar sobre um relatório da Polícia Federal (PF), que apontou a “atuação direta e relevante” de Bolsonaro para gerar fake news sobre o sistema eleitoral.
O prazo para essa manifestação foi de 15 dias. Neste tempo, o Ministério Público teria que avaliar se existiam ou não elementos para que o presidente fosse denunciado ou se o caso era passível de arquivamento. Para Lindôra Araújo, na realidade, é necessário mais tempo, pois existe a necessidade de se fazer uma análise conjunta das apurações referentes às “lives” e também à milícia digital.
Segundo a subprocuradora, o caso sobre a “live” de Bolsonaro é complexo e necessita ser analisado no mesmo contexto da investigação da milícia digital. Nesse sentido, Lindôra Araújo, inclusive, cita o relatório da Polícia Federal que, apesar de afirmar sobre a “atuação relevante de Bolsonaro”, destaca que o caso não pode ser analisado de forma isolada.
“Live” de Bolsonaro
As investigações sobre as informações repassadas por Bolsonaro começaram em julho do ano passado, quando ele prometeu que iria apresentar provas de supostas falhas nas urnas eletrônicas, mas, ao invés disso, repercutiu notícias falsas e vídeos já desmentidos.
De acordo com a Polícia Federal, depoimentos mostraram que “o processo de preparação e realização da live foi feita de maneira enviesada, isto é, procedeu-se a uma busca consciente por dados que reforçassem um discurso previamente tendente a apontar vulnerabilidades e/ou possíveis fraudes no sistema eleitoral”.
Isso, informou a corporação, “ignorando deliberadamente a existência de dados que se contrapunham a narrativa desejada, quase todos disponíveis em fontes abertas ou de domínio de órgãos públicos”.
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