Uma investigação prévia da Polícia Federal (PF) apontou a existência de indícios de crimes contra a administração pública no caso das joias doadas pela Arábia Saudita para o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) e para a sua esposa, a ex-primeira-dama Michelle. Assim como publicou o Brasil123, essas joias foram trazidas ao Brasil por integrantes do Ministério de Minas e Energia depois que ele viajou para o país em questão.
Bolsonaro não poderá usar e nem vender joias entregues por sauditas, diz TCU
De acordo com informações do portal “G1” reveladas nesta sexta-feira (10), a avaliação foi feita em despacho da Corregedoria-Geral da Polícia Federal em Brasília, o que culminou na instauração do inquérito. “Os indícios iniciais permitem-nos concluir pela necessidade de uma melhor apuração, conforme determinado pelo Exmo. Ministro da Justiça, mormente por existir a possibilidade da prática de eventuais crimes contra a administração pública, cometidos em detrimento de bens, interesse ou serviço da União”, afirma o documento, que foi uma resposta ao pedido feito por Flávio Dino, ministro da Justiça.
Ao todo, foram dois pacotes com joias. O primeiro tinha um colar de diamantes, brincos e um relógio feminino e foi apreendido, em outubro de 2021 junto com o então assessor do ministro das Minas e Energia, Marcos Soeiro. De acordo com a Receita Federal, essas joias foram avaliadas em R$ 16,5 milhões, sendo que, na ocasião, auditores da entidade exigiram que fosse pago imposto para que a comitiva do ministério entrasse com os itens no Brasil. Como não houve o pagamento, as joias foram retidas no país, um procedimento burocrático que antecede a apreensão.
Já o segundo pacote, que continha um relógio masculino, caneta e abotoaduras, entrou no Brasil na bagagem do então ministro Bento Albuquerque, na mesma viagem. Como não foi retido pela Receita, esses itens foram entregues para Bolsonaro. Segundo as informações, a Polícia Federal vai investigar, em um primeiro momento, o suposto cometimento dos crimes de descaminho e advocacia administrativa, mas o objeto pode ser ampliado para outros delitos.
Depoimentos à PF
Por conta do caso, a Polícia Federal, como citado, PF abriu uma investigação. Na próxima terça-feira (14), por exemplo, agentes da entidade irão ouvir o ex-ministro Bento Albuquerque, que dará explicações sobre sua entrada no país com as joias vindas da Arábia Saudita. Além dele, a entidade também deve ouvir Marcos Soeiro, o ex-assessor do ministro que tentou entrar no país com as joias em uma mochila. Isso, sem declará-las.
Leia também: ‘Todos estão lavando as mãos’, diz Mourão ao comentar caso de joias de Bolsonaro