A Polícia Federal (PF) quer mais detalhes sobre a declaração de Ailton Barros, que enviou uma mensagem ao tenente-coronel Mauro Cid dizendo que tem conhecimento sobre quem está por trás da morte da vereadora Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro executada em 2018.
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De acordo com informações do canal “CNN Brasil”, a entidade vai colher o depoimento de Ailton Barros no âmbito do inquérito que investiga o assassinato de Marielle Franco e do então motorista Anderson Gomes. Em mensagens interceptadas pela PF, o ex-capitão do Exército afirmou que sabe quem foi o mandante da morte da vereadora.
“Eu sei dessa história da Marielle, toda irmão, sei quem mandou. Sei a p*** toda. Entendeu? Está de bucha nessa parada aí”, disse ele na conversa. Nas conversas, Ailton Barros não revelou que seria o suposto mandante do crime, sendo exatamente essa resposta a visada pela Polícia Federal do Rio de Janeiro.
Ainda conforme o canal, todo o conteúdo da mensagem foi enviado aos delegados da PF no Rio de Janeiro que investigam o caso Marielle Franco e o tratam como prioridade a pedido do ministro da Justiça, Flávio Dino. Em seu discurso de posse, no começo deste ano, Flávio Dino afirmou que resolver esse caso “é questão de honra”.
A prisão do ex-militar
Tanto Ailton Barros quanto Mauro Cid foram presos na quarta-feira (03) durante uma operação da Polícia Federal que apura supostas fraudes em cartões de vacinação de Jair Bolsonaro e de pessoas próximas ao ex-chefe do Executivo. O diálogo entre os dois detidos apareceu em uma conversa interceptada pela PF, mas não tem relação com a investigação a respeito dos cartões de vacina nem com Bolsonaro.
Segundo a corporação, os dois trocaram mensagens no dia 30 de novembro de 2021. Na ocasião, Ailton Barros teria comunicado a Mauro Cid que o ex-vereador do Rio de Janeiro Marcello Siciliano teria intermediado a inserção de dados falsos de vacinação nos sistemas do Ministério da Saúde em benefício de Gabriela Santiago Cid, esposa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Ainda segundo a PF, como contrapartida pelo sucesso da inserção dos dados falsos, Ailton Barros pediu que Mauro Cid intermediasse um encontro de Marcello Siciliano com o cônsul dos Estados Unidos no Brasil. O objetivo: resolver um problema que Marcello Siciliano estava enfrentando para tirar um visto para os Estados Unidos.
Na ocasião, Ailton Barros disse para Mauro Cid que Marcello Siciliano estava tendo problemas com o visto em razão do envolvimento do nome do colega, que como citado, é ex-vereador do Rio de Janeiro, no caso do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
O ex-parlamentar foi investigado na época do crime, mas seu nome foi descartado da investigação posteriormente. Na conversa, Ailton Barros afirmou que Marcello Siciliano estava enfrentando o problema de visto “injustamente”, pois ele sabia que o amigo não tem relação com a morte da ex-vereadora. “Eu sei dessa história da Marielle toda, irmão, sei quem mandou. Sei a p*** toda. Entendeu?”, disse Ailton Barros.
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