O ex-deputado e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, foi preso na manhã desta sexta-feira (13) pela Polícia Federal (PF) em uma ação que faz parte da investigação sobre o inquérito das milícias digitais.
Na decisão que mandou Roberto Jefferson para a cadeia, assinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), também ficou decidido outros atos, como:
- Bloqueio de conteúdos postados por Jefferson em redes sociais;
- E a apreensão de armas e bloqueio de acesso a mídias de armazenamento.
Importante lembrar que a ordem de Alexandre de Moraes ocorre dentro do chamado inquérito das milícias digitais, uma continuidade das investigações sobre os atos antidemocráticos.
Antes de ser preso, Roberto Jefferson foi às redes sociais e disse que a PF estava fazendo buscas na casa de parentes pela manhã. No mesmo post, ele chamou a operação da corporação de “canalhice”.
“A Polícia Federal foi à casa de minha ex-mulher, mãe de meus filhos, com ordem de prisão contra mim e busca e apreensão. Vamos ver de onde parte essa canalhice”, escreveu o ex-deputado.
A investigação da PF
A prisão de Roberto Jefferson acontece por conta do inquérito que investiga a organização e também o funcionamento do que a PF e o STF chamam de milícia digital. Segundo as investigações, iniciadas em julho, essa organização tem como objetivo espalhar ataques à democracia.
Com as diligências, a Polícia Federal colheu provas que atestam para a existência de um grupo que tem agido a fim de atentar contra o Estado democrático de direito. Segundo a entidade, essa organização era organizada em quatro núcleos:
- De produção;
- De publicação;
- De financiamento
- E político.
Na decisão que mandou Roberto Jefferson para a cadeia, Alexandre de Moraes disse que ele integra o chamado núcleo político, “uma rede virtual de apoiadores que atuam, de forma sistemática, para criar ou compartilhar mensagens que tenham por mote final a derrubada da estrutura democrática e o Estado de Direito no Brasil”.
Investigação pode chegar em Bolsonaro
De acordo com as informações, as investigações da Polícia Federal podem chegar, em breve, em Jair Bolsonaro (sem partido). Isso porque, entre os nomes citados pela entidade, em um pedido para acessar quebras de sigilo, estão os assessores do chefe do Executivo.
Essas pessoas são acusadas de integrarem o chamado “gabinete do ódio”, responsável por disseminar ataques virtuais contra desafetos e adversários do governo do presidente. Além dessas suspeitas, a Polícia Federal também investiga se todo esse processo foi financiado com verba pública.
Roberto Jefferson já foi preso
Essa não foi a primeira vez que Roberto Jefferson foi preso. Isso porque, em 2005, ele foi o pivô do escândalo conhecido como mensalão. À época, o próprio ex-deputado revelou, em uma entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, sobre o fato de que o governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passava dinheiro a deputados da base.
A informação de Roberto Jefferson culminou na prisão de figuras importantes do governo Lula na época, como o até então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu. O ex-deputado não passou ileso das investigações e também foi condenado: em 2012, o STF decidiu que ele deveria ficar sete anos preso pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva – ele deixou a cadeia em 2015.
Próximo de Bolsonaro
Desde o ano passado, com a aproximação de Bolsonaro com o “Centrão”, Roberto Jefferson, já sem mandato parlamentar, tem estado perto do presidente da república, tendo se tornado, um fiel defensor do chefe do Executivo.
Em suas redes sociais, por exemplo, ele tem demonstrado estar do lado de Bolsonaro nos temas que o presidente mais defende, como o armamento da população civil – inclusive postando fotos com armas – e também a adoção do voto impresso, que teve sua proposta recusada na Câmara dos Deputados.
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