A Polícia Federal (PF) cumpriu, durante toda a quarta-feira (19), seis mandados de busca e apreensão em escritórios e casas de ex-advogados de Adélio Bispo, que foi condenado por dar uma facada em Jair Bolsonaro (PL), então candidato à Presidência. Isso, em 2018.
De acordo com informações do canal “CNN Brasil”, a ação não foi divulgada, pois aconteceu dentro de outra operação deflagrada no mesmo dia, a “Habeas Pater”, que investiga a suposta venda de sentenças de um desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) para beneficiar traficantes juntamente ao filho advogado.
Segundo o canal, os mandados foram cumpridos contra integrantes da Diretoria de Inteligência da PF em Belo Horizonte e Juiz de Fora, ambas em Minas Gerais, após autorização do juiz Bruno Savino, da 3ª Vara Criminal de Juiz de Fora.
Hoje, a Polícia Federal investiga uma possível ligação do Primeiro Comando da Capital (PCC) com advogados de Adélio Bispo. Essa hipótese, inclusive, já existia desde a faca em Bolsonaro. Na época do crime, uma equipe de Brasília foi à cidade mineira para auxiliar nas investigações.
Por lá, a equipe elaborou um relatório afirmando que não havia como avançar no caso, mas com meios mais tecnológicos, inteligência e quebra de sigilos telefônicos, por exemplo, “seria possível ampliar a apuração e chegar a um possível mandante” da facada em Bolsonaro.
Segundo o canal “CNN Brasil”, no ano passado, novos elementos foram incluídos na investigação, que corre sob sigilo. Entre eles está, por exemplo, pagamentos fracionados de milhares de reais a um dos advogados de Adélio Bispo durante meses.
Não suficiente, durante a investigação e análise dos celulares dos advogados, investigadores da PF encontraram um grupo de mensagens chamado “Adélio-PCC”. Por lá, eram traçadas estratégias sobre como proceder no caso do condenado pelo ataque contra Bolsonaro.
“É razoável inferir que o pagamento fracionado de R$ 315 mil tenha constituído auxílio prestado pela referida facção para o custeio dos honorários dos advogados do autor do atentado, lançando mão dos recursos movimentados pelo citado Setor das Ajudas do PCC”, afirmou Bruno Savino, juiz do caso, ao determinar as buscas.
Ao todo, três advogados são investigados: Zanone Oliveira Junior, Fernando Magalhães e Fábio Costa Rodrigues. Em nota, Fernando Magalhães afirmou que não tem ligação com organizações criminosas. “Tenho 23 anos de advocacia e não advoguei ou advogo para nenhum membro de facção. Sobre o caso Adélio, eu tive muito prejuízo financeiro e psicológico, recebi mais de 60 mil ameaças de morte e reforço que esses valores pagos dois anos depois do caso não têm relação com Adélio Bispo”, disse ele.
Por fim, ele ainda afirmou que pediu sucessivas vezes à PF acesso ao que está sendo acusado, mas nunca conseguiu. “Estou à disposição para explicações, mas preciso saber do que estou sendo investigado”, declarou, o único dos ex-defensores a se pronunciar sobre o tema.
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