De acordo com informações reveladas pela revista Veja nesta última quinta-feira (15), a Polícia Federal encontrou no celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, um roteiro para um “golpe de Estado”. O documento é diferente da “minuta do golpe” encontrada e apreendida na casa de Anderson Torres, ex-ministro de Justiça e possui como conteúdo um passo a passo em oito etapas para que as Forças armadas assumissem o País após a derrota do ex-presidente nas urnas.
O roteiro foi encontrado em mensagens no celular de Mauro Cid que, inclusive, mostram cobranças de integrantes das Forças Armadas para convencer Bolsonaro a realizar um golpe de Estado. Na semana passada, a PF já havia encontrado no celular de Mauro Cid um rascunho de um decreto de Garantia da Lei e Ordem (GLO), bem como mensagens que articulavam uma investida antidemocrática.
Documento encontrado foi intitulado de “Forças Armadas como poder moderador”
O documento encontrado no celular de Mauro Cid possui três páginas de conteúdo e foi inserido dentro de um relatório de 66 laudos elaborados pela inteligência da PF sobre o que está no celular do ex-ajudante de ordens. O primeiro dos oito passos encontrados no documento “Forças Armadas como poder moderador” previa o envio de um relatório de supostas irregularidades praticadas pelo Poder Judiciário aos militares.
Após o recebimento do relatório, as Forças Armadas iriam nomear um interventor, fixando um prazo para “restabelecimento da ordem constitucional”. Durante este período, as decisões do Judiciário e as ações dos magistrados seriam imediatamente suspensas e, além disso, o interventor, que teria a PF sob seu comando, poderia suspender todos os atos normativos que ele considerasse “inconstitucionais”.
Também foi citada, em uma das etapas, o afastamento dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com a justifica de que eles seriam “responsáveis pela prática de atos com violação de prerrogativa de outros Poderes”. Por fim, o documento prevê a convocação de novas eleições, diante do reconhecimento de uma “situação em desacordo com a Constituição”, pelas Forças Armadas e pelo interventor.
Relatório em celular de Mauro Cid critica nominalmente Alexandre de Moraes
O ministro do STF e presidente do TSE, Alexandre de Moraes, foi nominalmente citado no documento encontrado no celular de Mauro Cid. O texto aponta que ele “nunca poderia ter presidido o TSE, uma vez que ele e o Geraldo Alckmin possuem vínculos de longa data”, relembrando o fato de o ministro ter sido secretário de Estado do ex-tucano duas vezes, na época em que o vice-presidente foi governador de São Paulo.
Abaixo seguem as oito etapas previstas no documento encontrado no celular do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro:
- Nomeação de um interventor;
- Prazo para restabelecimento da ordem Constitucional;
- Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal sob comando do interventor;
- Suspensão de atos do Poder Judiciário e afastamento de magistrados;
- Abertura de inquérito sobre magistrados;
- Autorização para interventor suspender outros atos considerados inconstitucionais;
- Substituição dos ministros do TSE;
- Realização de novas eleições.