Informações publicadas neste sábado (13) pelo portal “UOL” revelam que uma empresa com contratos públicos na gestão do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) é a origem de uma série de transferências feitas a um militar da Ajudância de Ordens da Presidência da República, que fez saques em dinheiro vivo e, com ele, pagou despesas de um cartão de crédito usado pela esposa do ex-chefe do Executivo, Michelle Bolsonaro.
De acordo com a Polícia Federal (PF), foram ao menos três pagamentos – a entidade também apurou que o militar, o segundo-sargento Luis Marcos dos Reis, também fez pelo menos 12 depósitos em dinheiro em conta de uma tia da então primeira-dama. Esses pagamentos foram feitos até julho de 2022, descobriu a PF depois da quebra do sigilo bancário de auxiliares do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do então presidente Bolsonaro que foi preso na semana passada.
O sigilo foi quebrado no ano passado quando, Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que existiam indícios de “desvio de dinheiro público” por meio dos militares do Planalto e de assessoras da então primeira-dama. Desde então, a defesa de Bolsonaro e de sua esposa nega enfaticamente que recursos da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) tenham sido usados nas despesas da ex-primeira-dama.
Conforme a Polícia Federal, a empresa Cedro do Líbano Comércio de Madeiras e Materiais para Construção, que tem sede em Goiânia e contratos com o governo federal, é a origem de depósitos de pelo menos R$ 25.360 na conta bancária do sargento Dos Reis, que atuava na equipe chefiada por Mauro Cid, que era ajudante de ordens de Bolsonaro, no Palácio do Planalto.
O principal contrato da empresa citada foi com a Codevasf, estatal essa que foi alvo de ações deflagradas pela PF no ano passado por conta de indícios de corrupção em contratos no Nordeste. Segundo a corporação, o dinheiro era depositado por Vanderlei Cardoso de Barros, pai de uma sócia da Cedro do Líbano, nas contas do sargento Dos Reis.
Ainda segundo a Polícia Federal, assim que o dinheiro caía na conta, o sargento sacava as notas em um caixa eletrônico e fazia os pagamentos a pessoas ligadas à então primeira-dama e para outros militares da Ajudância de Ordens da Presidência da República.
Segundo o “UOL”, Vanderlei Cardoso de Barros, o autor das transferências para o sargento Dos Reis, afirmou neste sábado ser amigo do militar e que o dinheiro foi um “empréstimo”. De acordo com Vanderlei Barros, ele não fazia ideia de como o militar usaria o montante – até o momento, a PF diz não ter encontrado justificativa para os pagamentos da Cedro do Líbano ao sargento Dos Reis, que trabalhava com Mauro Cid.
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