A Polícia Federal (PF) divulgou nesta terça-feira (15) uma nota em que chama o ex-ministro da Justiça Sergio Moro (Podemos) de mentiroso. A afirmação acontece porque, um dia antes, o ex-juiz federal disse que a corporação não tem atuado para combater a corrupção no país.
Segundo Sergio Moro em entrevista ao programa “Pânico”, da “Jovem Pan”, tal fato acontece por conta das nomeações feitas por Jair Bolsonaro (PL), que teria trocado pessoas em postos-chave da Polícia Federal.
“Tenho grande respeito pela PF, mas essa é a Polícia Federal, e esse é o resultado das nomeações que o presidente fez. Eu jamais imaginei que o Presidente da República que se elegeu defendendo a Lava Jato fosse trabalhar para destruir a operação”, disse Sergio Moro.
“Uma parte dessa destruição foi a interferência na Polícia Federal”, completou o ex-ministro, afirmando que, nos dias de hoje, “não tem ninguém no Brasil investigado e preso por algum grande caso de corrupção”.
Em resposta, a corporação disse que o agora político “mentiu” em suas declarações. Além disso, o órgão federal afirma que os “ataques” de Sergio Moro foram “descabidos” e que a entidade não precisa “produzir espetáculos” para mostrar que está trabalhando.
“O ex-ministro não aponta qual fato ou crime tenha conhecimento e que a PF estaria se omitindo a investigar. Tampouco qual inquérito policial em andamento tenha sido alvo de ingerência política ou da administração”, disse a Polícia Federal.
Em outro momento, além de afirmar que foram registradas “mais de mil prisões, apenas por crimes de corrupção, nos últimos três anos”, a PF disse que Sergio Moto “confunde, de forma deliberada, as funções da PF, cujo papel não é produzir espetáculos, mas sim conduzir investigações, desconectadas de interesses político-partidários”.
PF e Sergio Moro
Sergio Moro saiu do governo de Bolsonaro em 2020, justamente por algo relacionado à PF. Na ocasião, ele acusou o presidente de ter tentado interferir na Polícia Federal para ter acesso a investigações e relatórios da entidade que envolvessem seus familiares e aliados.
Tal fato é proibido por lei, mas, segundo Sergio Moro, era quisto pelo presidente, que visava proteger integrantes de seu governo, sobretudo seus filhos – um inquérito sobre o fato corre no Supremo Tribunal Federal (STF) desde então.
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