A Polícia Federal (PF) desmentiu, nesta terça-feira (19), uma publicação feita pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em sua conta do Twitter. No domingo (17), o chefe do Executivo afirmou que as ações de vandalismo registradas em Santa Cruz do Capibaribe, município do Agreste de Pernambuco, no final de agosto, foram causadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
Todavia, de acordo com a PF, não há indícios de que o movimento tenha participado da invasão e depredação, ocorrida em um conjunto habitacional da cidade. A versão do órgão federal é diferente da concedida no vídeo, onde um narrador afirma que o MTST, de forma cruel e selvagem, teria participado da ação, depredando e queimando o patrimônio do povo.
“Mais uma vez, o MTST, um dos braços do Movimento Sem Terra [MST], mostra sua crueldade e selvageria. Muito influenciado por partidos de esquerda, eles invadiram um residencial que seria entregue à população até o final do ano. Depredaram, queimaram e danificaram o patrimônio do povo, que estava prestes a garantir a sua moradia”, dizia a gravação.
No entanto, apesar do vídeo publicado na rede social do presidente, a PF afirma que, depois de uma apuração, constatou-se que não houve participação de nenhum dos grupos nas ações. “Existe um inquérito em andamento e, até o momento, não foi identificada a participação de partidos políticos e/ou movimentos sociais em qualquer ocorrência sobre esse caso”, informou a corporação, que ainda detalhou que a invasão foi feita de “de forma repentina, como tantas outras”.
Outra a afirmar que não há indícios de membros do movimento na invasão foi a prefeitura de Santa Cruz do Capibaribe, que ainda corrigiu uma informação do vídeo publicado por Bolsonaro. “O residencial tem 500 casas e não 800, como mostra na publicação feita pelo presidente da República”, destacou a gestão municipal.
MTST repudia a acusação
Na segunda (18), o MTST repudiou o vídeo, afirmando que, além de não ter participado da invasão, não é o braço direito do MST, como constava na gravação. “Apesar de respeitar a história do MST e a sua importância do interior da sociedade civil organizada, nunca foi braço do Movimento Sem Terra”, informou.
A invasão
A invasão em questão aconteceu em um local onde foram construídas casas para famílias carentes em Santa Cruz do Capibaribe, isso no dia 29 de agosto. Na ocasião, as pessoas invadiram o residencial e, além de ocuparem as residências, queimaram e depredaram alguns dos imóveis.
No último dia 21 de setembro, a Justiça Federal de Pernambuco determinou a reintegração de posse. A reintegração em questão aconteceu, oficialmente, na segunda (18), quando a última família deixou o residencial, que seria entregue no final do ano, mas agora não tem data para estar apto para a moradia.
Leia também: Renan pede indiciamento de 72 pessoas em relatório da CPI da Covid; confira os nomes e os crimes