A Polícia Federal (PF) revelou nesta terça-feira (07) que está apurando se houve uma tentativa, por parte de membros do Ministério da Justiça, de tentar atrapalhar o cumprimento da ordem de extradição do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos.
Essa investigação acontece após uma ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a extradição de Allan dos Santos em 5 de outubro, mas, passados dois meses, ele ainda não foi localizado.
De acordo com informações da “TV Globo”, a Polícia Federal reuniu depoimentos em que pessoas afirmam que o secretário nacional de Justiça, Vicente Santini, buscou informações sobre a ordem de extradição do blogueiro e até tentou criar uma instância para análise desse tipo de pedido, algo novo até então.
Com as apurações, constatou-se que Vicente Santini, em seu cargo, sequer tinha relação direta com esses pedidos de extradição. Isso levando em conta a hierarquia do Ministério da Justiça. No entanto, mesmo assim, ele solicitou uma modificação no fluxo desse tipo de processo a fim de incluir a Secretaria Nacional de Justiça.
Na prática, afirma a Polícia Federal, o membro do Ministério da Justiça teria realizado uma consulta interna com o objetivo de conferir poder ao secretário nacional de Justiça na análise dos casos de ordem de extradição.
Secretário do Ministério da Justiça nega
No centro das investigações, o secretário nacional de Justiça já prestou depoimento ao órgão federal e, na ocasião, negou interferência no processo de extradição de Allan dos Santos.
Segundo o secretário, ele tem “zero acesso” a qualquer processo de extradição ativa. Ainda na oitiva, ele justificou que fez buscas por informações específicas sobre a extradição do blogueiro com o intuito de “dar cumprimento à decisão” do ministro do STF.
Por fim, ele ainda relatou que conheceu Allan dos Santos em eventos públicos no início do governo Bolsonaro. Todavia, ele ressaltou que não tem nenhum tipo de relação com o blogueiro, um dos aliados mais próximos da família Bolsonaro e alvo de um inquérito que apura disseminação de fake news e de outro que investiga a atuação de uma milícia digital que trabalharia contra a democracia e as instituições.
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