Na última segunda-feira (3), alguns dos maiores produtores e exportadores de petróleo do mundo anunciaram que irão reduzir o nível de produção. Esse corte provoca um corte na oferta da commoditie e, consequentemente, eleva seu preço. Entre os países que realizaram o anúncio, encontram-se Arábia Saudita, Iraque e outros países que se encontram na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+). O corte será de 1 milhão de barris por dia e, a Rússia, que compõe o grupo, anunciou que irá estender o corte para oferta em meio milhão de barris por dia.
Para efeito de comparação, a produção de barris da Rússia junto com Opep representam aproximadamente 40% de todo o petróleo produzido no mundo. “A Opep+ adapta a oferta e a demanda para equilibrar o mercado”, afirmou Kate Dourian, do Energy Institute. “Eles mantêm os preços altos reduzindo a oferta quando a demanda por petróleo cai”, completou. Além disso, em momento oportuno, a Opep+ pode fazer o movimento contrário, aumentando a oferta de petróleo, provocando a redução de seu valor no mercado.
Para especialistas, o anúncio do corte na produção de petróleo por parte da Opep+ foi uma grande surpresa, dado que alguns países já haviam sinalizado que a produção se manteria em um mesmo patamar até o fim deste ano. No entanto, ao que tudo indica, com a piora das perspectivas econômicas ao redor do mundo, a organização resolveu antecipar o corte. Sendo assim, o corte terá reflexo em todo o mundo, inclusive no Brasil.
Corte na produção do petróleo pressiona preço dos combustíveis
A maior parte dos combustíveis que são comercializados no Brasil e no mundo utilizam o petróleo como recurso base para produção. Sendo assim, a alta do preço do petróleo provoca uma pressão para o aumento no preço dos combustíveis e, consequentemente, aumento da inflação, que já vem se mantendo em patamares elevados desde o início da pandemia da covid-19. É importante lembrar que a política de preços da Petrobras leva em conta o preço do petróleo no mercado internacional, sendo assim, o aumento deve ser repassado para o mercado interno.
O que ainda não se sabe ao certo é se o aumento provocado pelo anúncio foi momentâneo ou se de fato irá se manter. A população brasileira só sentirá o reflexo da decisão da Opep+ após um eventual anúncio da Petrobras sobre o aumento dos combustíveis, dado que a maior parte do refinamento é realizado pela estatal. Um ponto que pode fazer com que o petróleo não mantenha a alta por muito tempo é o fato da economia mundial estar em desaceleração, se há menor demanda pela commoditie, o preço também cai.
Sendo assim, os brasileiros terão que aguardar os reflexos e as decisões da Petrobras para de fato saber qual o impacto que terá sobre seu bolso. Uma certeza que pode ser tirada desse cenário é que um corte nos preços dos combustíveis em curto e médio prazo está descartado, dado que não há margem para tomar tal decisão, a não ser que a decisão venha pelo governo federal através do corte de impostos sobre os combustíveis.