A Petrobras é uma empresa estatal do setor de energia com capital aberto na bolsa de valores e corresponde a aproximadamente 10% do índice IBOVESPA, que é o principal benchmark do mercado doméstico. É uma das principais empresas estatais brasileiras, com relevância nacional e no exterior.
A guerra no leste europeu envolvendo Ucrânia e Rússia gerou uma inflação generalizada em diversos bens primários como, por exemplo, trigo, óleo de soja e, relacionada à Petrobras, o barril de petróleo. Esse aumento do preço da commodity culminou numa escalada de preços dos combustíveis, tendo consequência na lucratividade da empresa, a qual reportou recordes de lucros nos últimos trimestres. Esses bons números informados pela empresa beneficiaram os investidores da empresa, que tem como principal acionista o próprio Estado.
Porém, a população viu seu custo de vida aumentar, não conseguindo utilizar seu salário como antes. Logo, tem sido veiculado nos canais de comunicação nos últimos meses muitas notícias envolvendo o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, relacionado à mudança na presidência da empresa petrolífera, gerando desgastes e pressões no governo.
Interferência governamental na empresa desde 2021
Embora o assunto esteja mais em destaque neste momento, a insatisfação do governo com a companhia acontece desde o ano passado. No 1° semestre de 2021, a economia global estava retomando sua atividade, liderada pela China. Diante disso, houve um aumento de demanda por gêneros primários, levando a um aumento do preço desses mesmos gêneros, como o petróleo. Como a empresa em questão segue a paridade de preços do mercado mundial, houve seguidos reajustes nos preços da gasolina e do diesel, influenciado pelo aumento do próprio barril de petróleo e, no ano passado, o dólar, o que deixou o governo insatisfeito.
Por causa desses reajustes, estão ocorrendo na Petrobras constantes trocas em sua presidência. O primeiro presidente do governo Bolsonaro foi Roberto Castello Branco, que ficou na presidência de janeiro de 2019 a abril de 2021. Na sequência entrou Joaquim Silva e Luna, de abril de 2021 a abril de 2022. O terceiro a presidir a companhia foi José Mauro Ferreira Coelho, de abril de 2022 a junho de 2022. Percebe-se que o último presidente ficou somente 2 meses no cargo da empresa, aproximadamente.
Novo presidente votado pelo conselho
Nesta segunda-feira (27), o conselho da empresa nomeou, por 7 votos a 3, Caio Mário Paes de Andrade como o novo presidente da Petrobras para um mandato vigente até 13 de abril de 2023. Caio estava anteriormente no cargo de secretário de Desburocratização do Ministério da Fazenda. Ele será o quinto presidente da Petrobras no governo Bolsonaro e entrará no lugar de Fernando Borges, que estava como presidente interino.
Críticas do governo à Petrobras à margem das eleições
Bolsonaro, como já mencionado anteriormente, têm pressionado demasiadamente a governança da petroleira em virtude dos aumentos de preços dos combustíveis. Diante de um cenário econômico desafiador por conta dos altos juros e da persistente inflação, o governo tem por objetivo ao menos amenizar esses danos freando o reajuste de preços dos combustíveis.
As críticas do atual presidente do Brasil têm sido veementes e diretas. Em maio, em uma live, o presidente usou de fortes palavras para pressionar a Petrobras a não reajustar mais os preços, além de chamar de “estupro” o lucro reportado pela companhia.
Alguns entendem esse comportamento do presidente relacionado aos preços como populista, visto que as eleições de outubro estão chegando e a questão da popularidade é de suma importância. Enquanto isso, a Petrobras parece ficar à deriva, tendo de postergar seus planos estratégicos de curto, médio e longo prazo como, por exemplo, transição energética e vendas de refinaria, para focar agora em ajustes de preços de seus produtos.