Nos últimos dias, a Petrobras tem sido pressionada para realizar um reajuste no preço dos combustíveis, dado que, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), declarou que irá reduzir a produção de petróleo em 2 milhões de barris por dia, o que fez o preço do barril se elevar.
Nesse sentido, com os impactos no mercado após o anúncio, a gasolina passou a ser vendida 8% abaixo do preço de paridade internacional (política de preços da Petrobras) dentro de nosso país, segundo cálculos fornecidos pela Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis. Já em relação ao diesel, a defasagem chega a 3%.
Contudo, segundo informações de uma fonte da Petrobras, as recentes variações no mercado internacional são “obviamente marola” e, dessa forma, não justificam uma elevação nos preços dentro do nosso país. “Se o preço do Brent subir, o que, aliás, significa pouca coisa, tem notícia para um lado. Se cair, tem notícia para o outro. Se ficar igual, dá notícia. Se as pessoas entendessem a formação do preço, as bandas, os índices e a postura da empresa, não estariam perdendo tempo”, afirmou.
Além do preço no mercado internacional, um outro fator que também afeta o preço do combustível em nosso território é a taxa de câmbio. Contudo, o dólar vem oscilando de uma forma que gerou um impacto menor ao preço dos combustíveis no mercado interno, sendo assim, o principal fator para o preço do combustível continua a ser o preço do petróleo no mercado internacional.
Pressão do governo federal sobre a Petrobras pela manutenção dos preços
A diretoria da Petrobras também recebeu um alerta do governo Bolsonaro para não ser realizado o reajuste no preço dos combustíveis até o fim de outubro, quando acontecerá a realização do 2º turno das eleições. Com o aumento dos preços no mercado externo, era de se esperar que o preço fosse repassado.
Desde que Caio Mário Paes de Andrade assumiu a presidência da Petrobras, em junho deste ano, a companhia anunciou uma série de reduções no combustível. Contudo, grande parte das reduções se deve à queda do preço do petróleo no mercado internacional, prontamente repassado para o mercado interno.
Além da queda no mercado externo, o governo federal também anunciou um teto para a alíquota de ICMS cobrada pelos estados, o que diminuiu a carga de imposto aplicada sobre o preço dos combustíveis, reduzindo de forma relevante o seu valor nas bombas dos postos na maioria das cidades brasileiras.
Dessa forma, para voltar a paridade, os preços deveriam ser elevados em R$0,17 e 0,28 para diesel e gasolina, respectivamente. Em algumas localidades, a defasagem é ainda maior, por exemplo, no porto de Aratu, na Bahia, a diferença do preço do diesel em relação ao mercado internacional chega a 5%. No porto de Araucária, no Paraná, a defasagem da gasolina é de 12%.
Como, por hora, a Petrobras já vem informando que não vai repassar os aumentos recentes do preço internacional, no curto prazo, o brasileiro pode ficar mais aliviado quanto ao aumento do preço do combustível. No entanto, caso a tendência de elevação dos preços internacionais se confirme, dificilmente a Petrobras irá manter a defasagem dos preços, sendo obrigada a repassar para o mercado interno.