A guerra entre Rússia e Ucrânia têm pressionado a cotação do petróleo. Na última quarta-feira, 23/02, o preço do óleo tipo Brent chegou a ultrapassar a casa dos US$105, contudo, acabou recuando, fechando a US$94,12 na última sexta-feira. A tendência é que a volatilidade continue com a escalada das ações da Rússia sobre a Ucrânia e o aumento de sanções do ocidente sobre a própria Rússia.
Nesse sentido, tal volatilidade irá afetar o preço dos combustíveis no Brasil, e, mesmo com estas questões, a Petrobras disse que não irá alterar sua política de preços, que tem como estratégia atrelar o preço do petróleo ao mercado internacional. Segundo a estatal, se não fizer este movimento, há risco do mercado e abastecimento interno ser bastante afetado.
Embora as tensões geopolíticas causadas pela invasão da Rússia sobre a Ucrânia venham aumentando o preço do petróleo há algum tempo, a Petrobras manteve os preços dos combustíveis inalterados desde o dia 12 de janeiro.
Um outro fator que afeta o preço dos combustíveis no mercado interno é o câmbio e os custos de importação, visto que, os principais concorrentes da empresa, atualmente, são importadores. Com isso, o objetivo da companhia é que seus preços estejam equiparados aos deles.
Além disso, segundo a companhia, manter o PPI (Preço de Paridade de Importação) é interessante para atrair investidores para as refinarias da estatal que foram colocadas a venda. Contudo, há certo receio de que se atenda a reivindicação do presidente da república, Jair Bolsonaro, sobre congelar os preços para avaliar a inflação, visto que pode retirar interesse de investidores sobre as refinarias.
Lula diz que política da Petrobras só atende acionistas
Em um post publicado em seu perfil do Instagram, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a política de preços da Petrobras só atende aos acionistas da empresa. “Não existe nenhuma razão técnica, política ou econômica para que a Petrobras tenha tomado a decisão de internacionalizar o preço do combustível, a não ser para atender aos interesses dos acionistas, sobretudo os acionistas de Nova York”, disse Lula.
Ainda, segundo ele, durante o tempo que foi presidente, 8 anos, o preço do combustível se manteve no padrão da moeda brasileira. Lula também criticou os dividendos pagos pela Petrobras. A companhia registrou lucro recorde de R$106 bilhões e estima-se que os valores pagos aos acionistas seja em torno de R$100 bilhões.
“O que vai se pagar de dividendos… uns falam em R$65 bilhões, outros falam R$100 bilhões, outros falam em 80 bilhões. Ou seja, é uma quantidade de dinheiro. Uma parte desse dinheiro poderia ser investido no Brasil”, afirmou o ex-presidente Lula.
Contudo, a Petrobras só reverteu os altos prejuízos em 2014 e 2015, ainda no governo Dilma, após a instauração do PPI, quando passou a diminuir prejuízos e alcançou o lucro de R$41 bilhões em 2020, muito, também, por conta da pandemia. Os prejuízos bilionários chegaram a resultar em processos sobre Graça Foster, ex-presidente da companhia, e Guido Mantega, Ministro da Fazenda na época.