Números revelados nesta segunda-feira (31) pelo jornal “Folha de S. Paulo” mostram que o preço da gasolina vendida pela Petrobras está 23% menor que a média cobrada pelas refinarias privadas. De acordo com a publicação, essa diferença atingiu, em julho, o maior patamar da série histórica, iniciada em 1º de dezembro de 2021, quando foi privatizada a primeira unidade de refino estatal, a Refinaria Landulpho Alves (Rlam), localizada na Bahia, atual Refinaria de Mataripe.
Petrobras sofre pressão por reajuste de combustíveis
Conforme o jornal, o levantamento tem como base números do Observatório Social do Petróleo (OSP) que mostram que o litro da gasolina da Petrobras está custando R$ 2,52. Enquanto isso, o valor cobrado nas refinarias privatizadas estão, em média, R$ 3,10.
Hoje, a recordista dos preços mais altos do país é a Refinaria Potiguar Clara Camarão (RPCC). Segundo o levantamento, a refinaria, que está localizada no Rio Grande do Norte e foi privatizada em 7 de junho pela empresa 3R Petroleum, está vendendo a gasolina a R$ 3,20, um valor 27% mais caro do que o da estatal.
Já a Refinaria da Amazônia (Ream), privatizada em dezembro de 2022, comercializa o litro a R$ 3,06, enquanto a Acelen, gestora de Mataripe, a R$ 3,03, o que representa uma diferença de 21% e 20%, respectivamente, em relação aos preços da Petrobrás. Em entrevista ao jornal citado, o economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), afirmou que, estruturalmente, as refinarias privatizadas cobram preços mais elevados do que a Petrobras.
De acordo com ele, existem dois fatores para isso. O primeiro é que a Petrobras é uma empresa integrada, que produz e refina o petróleo. Nesse sentido, ele relata que a estatal “tem uma margem para absorver variação de preços que é imensamente superior à de suas concorrentes”.
Por outro lado, o segundo é que a empresa tem vários fatores para estabelecer o seu preço, ou seja, o valor vai além exclusivamente da maximização de lucros. “Mesmo quando seu preço era definido pelo PPI, a política de paridade de importação, a companhia manteve por muito tempo preços abaixo dos internacionais, justamente por conta da pressão da opinião pública sobre o governo. E, com o fim do PPI, em maio deste ano, a Petrobras passou a ter maior margem para definir os preços, até porque seus custos não variaram”, disse ele.
Na semana passada, a Petrobras reiterou que a sua estratégia comercial tem como premissa a prática de preços competitivos e em equilíbrio com os mercados nacional e internacional. Ainda conforme a empresa, a demanda nacional vem sendo atendida tanto pela estatal quanto pelos demais produtores e importadores que atuam no mercado brasileiro, não havendo, neste sentido, nenhum risco de desabastecimento no País.
“Sobre a percepção de terceiros acerca dos preços internos de combustíveis, é importante destacar que suas declarações devem ser vistas sob a perspectiva de um mercado concorrencial, com agentes que representam empresas de diferentes portes de operação”, informou a estatal.
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