A Petrobras anunciou fortes aumentos nos preços dos combustíveis por causa da crise na Ucrânia, criando potenciais confrontos com poderosos grupos de caminhoneiros e o presidente Jair Bolsonaro, cuja popularidade foi atingida pela inflação crescente. A Petrobras disse que aumentaria o preço da gasolina de suas refinarias em 18,8% e do diesel em 24,9% a partir de sexta-feira (11), citando o “aumento mundial nos preços do petróleo e derivados de petróleo como resultado da guerra entre a Rússia e a Ucrânia”.
A empresa disse que o aumento está em linha com os de outros fornecedores de combustível e enfatizou que não aumenta os preços há quase dois meses. Mas a medida irritou Bolsonaro, que critica regularmente a Petrobras por preços altos. O aumento da inflação no Brasil, impulsionado em parte pelos custos de energia, é um ponto particularmente fraco para o presidente que se prepara para tentar a reeleição em outubro.
Sua popularidade caiu acentuadamente à medida que a inflação subiu para uma taxa anual de 10,38%.
Petrobras: Problemas podem piorar
Um dos principais líderes das poderosas associações de caminhoneiros do Brasil, Wanderlei “Dedeco” Alves, ameaçou uma repetição das greves que devastaram o país em 2018, causando escassez generalizada. “Os caminhoneiros independentes e as empresas de transporte precisam se unir e paralisar o país”, disse ele à mídia brasileira. “Ninguém vai ser capaz de sobreviver a isso.”, complementou.
Os caminhoneiros têm sido um bastião de apoio a Bolsonaro, e ele deseja mantê-los ao seu lado em uma dura batalha pela reeleição, provavelmente contra o ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva.
Famílias brasileiras serão atingidas
Os aumentos dos preços dos combustíveis também devem atingir duramente as famílias. A Petrobras anunciou que o preço do gás de cozinha aumentará 16,1%. Bolsonaro está pressionando para que o Congresso aprove uma legislação para reduzir os preços dos combustíveis, embora especialistas digam que o impacto a curto prazo seria mínimo. Ele também está olhando para decretar subsídios de emergência para baixar os preços. Ambas as medidas são impopulares entre os conservadores fiscais.
Um primeiro projeto de lei para criar um fundo de estabilização do preço dos combustíveis foi aprovado no Senado na quinta-feira (10) por 61 votos a oito, e agora irá para a Câmara dos Deputados. O projeto usaria os dividendos da Petrobras pagos ao governo e várias outras fontes de financiamento para subsidiar periodicamente os preços da gasolina, diesel e gás de cozinha, suavizando a volatilidade do mercado.
Também dobraria o número de famílias de baixa renda elegíveis para subsídios de gás de cozinha para 11 milhões e pagaria subsídios de combustível de 300 reais (US$ 60) por mês para motoristas de táxi e carona. Mas subsidiar o combustível teria um grande custo fiscal. Em 2018, custou R$ 9,5 bilhões para cortar os preços do diesel, excluindo a gasolina, em apenas R$ 0,30. Uma proposta semelhante em um contexto de alta dos preços internacionais devido à guerra na Ucrânia poderia custar muito mais, ampliando o déficit orçamentário do Brasil.