Nesta semana, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, entregou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o resulta relacionado aos exames da perícia com os nomes das pessoas que deixaram suas digitais na chamada “minuta do golpe”, encontrada na residência do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres. Moraes foi escolhido para ser relator do inquérito dos atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro.
Nesse sentido, o envio da perícia foi realizado após decisão do ministro Benedito Gonçalves, relator das 16 ações relacionadas à investigação da campanha de Jair Bolsonaro à reeleição, que busca tornar o ex-presidente da República inelegível para qualquer cargo público que venha a se candidatar, ou seja, não poderia se tornar nem mesmo deputado federal, cargo que ocupou durante anos na política.
De acordo com a Polícia Federal, a perícia apontou que foram identificadas no documento as digitais do escrivão da Polícia Federal, Marcos Gomes Quijano e da advogada Ângela Macedo Menezes de Araújo, que acompanhava a operação de busca e apreensão na residência de Anderson Torres dois dias após os atos golpistas ocorridas em Brasília. Inclusive, a advogada chegou a admitir em entrevista ao O Globo que as digitais eram dela. “Eu estava lá, na busca e apreensão e é totalmente natural que as minhas digitais estivessem no documento que manuseei, assim como as do escrivão”, disse Ângela.
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Defesa de Bolsonaro solicitou que a perícia do documento fosse anexada ao processo do TSE
Um fato que chamou a atenção dos investigadores é que a própria defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro solicitou que o laudo da perícia fosse anexada ao processo contra ele que vem tramitando no Tribunal Superior Eleitoral. Segundo a equipe jurídica do seu partido (PL), como o documento não possui digitais do ex-presidente, ele pode ser utilizado para a afastar a relação dele com a confecção da minuta encontrada na casa de Anderson Torres.
“O que a perícia mostra é que essa minuta não passou pelas mãos de Bolsonaro”, afirmou um interlocutor do presidente, que se mostrou aliviado com o laudo da perícia. No entanto, o laudo pode pesar contra o Anderson Torres, dado que, em depoimentos, ele afirmou ter recebido o documento de sua assessoria, embora não tenha citado nenhum nome. A digital da pessoa que teria entregue a minuta ao ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, não apareceu no laudo da perícia, apenas dos dois envolvidos na operação de busca e apreensão.
Torres está preso desde 14 de janeiro e vem sendo investigado por suspeita de omissão e conivência com os atos golpistas ocorridos no dia 8 de janeiro, em Brasília. Além disso, a minuta golpista faz parte do processo que investiga os ataques ao sistema eleitoral feitos pelo ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL). O ministro Benedito Gonçalves argumentou que a minuta tem relação com a ação por fazer parte da estratégia da campanha de Bolsonaro em “lançar graves e infundadas suspeitas sobre o sistema eletrônico de votação”.
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