Não é surpresa para os cidadãos brasileiros que em 2023 o Governo Federal esteja conduzindo uma auditoria minuciosa do programa Bolsa Família. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) já eliminou cerca de um milhão de participantes do programa.
É relevante observar que essa iniciativa de transferência de renda foi estabelecida no país há quase duas décadas, quando Lula, do Partido dos Trabalhadores (PT), assumiu a presidência pela primeira vez.
Contudo, em 2021, o ex-presidente Jair Bolsonaro, do Partido Liberal (PL), a substituiu pelo programa Auxílio Brasil. Essa nova medida tinha o mesmo propósito do Bolsa Família: atender as necessidades da população em situação de vulnerabilidade.
Nesse período, o antigo Ministério da Cidadania registrou um aumento no número de inscrições no Auxílio Brasil, o que suscitou suspeitas de possíveis fraudes por parte do governo atual. Como resultado, a administração atual iniciou a auditoria minuciosa do Bolsa Família.
Mas afinal, quem está sob o escrutínio dessa auditoria do Bolsa Família?
É crucial esclarecer que esse tipo de revisão é uma prática comum. Desde a criação do programa de transferência de renda, o governo exige que os titulares atualizem regularmente o Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). Se um indivíduo deixa de cumprir os critérios estabelecidos, perde o direito ao benefício.
Portanto, é extremamente importante atualizar os dados cadastrais a cada dois anos, pois a falta desse procedimento pode levar à perda do benefício. Devido à pandemia, muitos brasileiros não conseguiram realizar essa atualização cadastral. Contudo, em 2023, há outro motivo pelo qual o MDS está realizando tantos cortes no programa.
Como já mencionado, há suspeitas de que a administração anterior tenha utilizado recursos públicos para favorecer a reeleição do então candidato Jair Bolsonaro. A implementação do Auxílio Brasil foi conduzida de maneira desorganizada, resultando em muitas pessoas recebendo o benefício de maneira inadequada, mesmo sem estarem em situação de necessidade. Além disso, houve um aumento significativo de famílias que vivem sozinhas, o que não é proibido.
No entanto, muitos brasileiros se registraram como famílias unipessoais, mesmo vivendo com outras famílias que já recebiam o benefício. Isso resultou em uma divisão artificial das famílias, o que é ilegal. Portanto, todos os indivíduos cadastrados como famílias unipessoais no último semestre de 2022 estão sendo submetidos à auditoria minuciosa do Bolsa Família.
Compreenda a distinção entre bloqueio e desligamento
É relevante ressaltar que os indivíduos sob revisão no pente-fino do Bolsa Família, a princípio, têm seu benefício bloqueado. Isso implica que o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) tem um período de até 90 dias para avaliar a situação da família em questão. Se a investigação não revelar nenhuma irregularidade, eles são reintegrados à lista de beneficiários e também recebem os pagamentos retroativos.
No caso de detecção de qualquer irregularidade pelo órgão, a família é desvinculada do programa. Em outras palavras, para retomar o recebimento das parcelas, é necessário efetuar uma nova inscrição no Cadastro Único e aguardar em fila de espera. Neste momento, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome já efetuou a suspensão de 930 mil famílias.
Como recuperar o benefício do Bolsa Família após o bloqueio das parcelas
Em primeiro lugar, é essencial ter em mente que o benefício só poderá ser restabelecido para aqueles que atenderem a todos os requisitos de elegibilidade. Isso implica que os indivíduos que perderam as parcelas devido a razões que incluam a falta de cumprimento de um requisito obrigatório permanecerão excluídos dos pagamentos.
Por outro lado, aqueles cujas parcelas foram bloqueadas devido a inconsistências nos dados, mas que ainda cumprem todas as condições para concessão e manutenção do benefício, têm a possibilidade de passar por uma nova análise. Isso permitirá que os valores sejam reestabelecidos.
Essas medidas são aplicadas para assegurar que somente aqueles genuinamente qualificados para receber o benefício estejam incluídos na lista de beneficiários. Vale destacar que o Governo Federal identificou, no início do ano, inúmeros pagamentos que foram efetuados de maneira inadequada.
De maneira mais clara, essas irregularidades impedem que aqueles que verdadeiramente necessitam recebam o auxílio, enquanto outros que não preenchem os critérios o obtêm de maneira imprópria. Outro aspecto importante é que existe a oportunidade de receber as parcelas retroativas.
Isso significa que todos os beneficiários que passaram pelo bloqueio, mas que recorreram e conseguiram restaurar o benefício, têm a possibilidade de receber os valores retroativos correspondentes ao período em que as parcelas estavam suspensas.