Para o ministro da Economia, Paulo Guedes, o correto seria uma reforma tributária “mais ousada”, mesmo que, com isso, exista o risco de se perder arrecadação. A afirmação do chefe da pasta foi feita nesta quarta-feira (21) durante abertura da coletiva de imprensa sobre os dados da arrecadação federal de junho.
Na ocasião, Paulo Guedes chamou a atenção para o fato de que, no primeiro semestre, o Brasil arrecadou R$ 200 bilhões acima do registrado no mesmo período do ano passado. Para ele, este é um indicativo que permitiria uma reforma “mais ousada”.
“A arrecadação veio R$ 200 bilhões acima do primeiro semestre do ano passado, o que significa que esse nível é sustentável, mesmo que o Brasil cresça 2% daqui para frente, esses R$ 200 bilhões já estão incorporados. Por isso que a gente pode e deve avançar numa reforma tributária mais ousada. Os liberais democratas preferem reduzir impostos, correr o risco da redução”, explicou o ministro.
Na sequência, Paulo Guedes complementa dizendo que a versão inicial da reforma foi “conservadora demais”. “A nossa versão inicial veio um pouco conservadora demais, calibrada com coisas antigas que a Receita gostaria de aperfeiçoar, mas o nosso momento é de arriscar para o outro lado”, disse ele.
Ainda conforme Paulo Guedes, entre o excesso de conservadorismo de um lado e o compromisso com o setor empresarial brasileiro do outro, o Ministério optará por arriscar para o segundo lado.
Por fim, ele explicou que, na proposta da reforma, só não abre mão da taxação em 20% dos dividendos, parcela do lucro das empresas distribuídas aos acionistas, hoje isentos de impostos.
“Os vetores da reforma são muito claros: vamos tributar lucros e dividendos que não pagam impostos há mais de 25 anos. É a jabuticaba brasileira, máquina de privilégios”, afirmou ele, que ainda revelou que, somente no último ano, 20 mil pessoas receberam quase R$ 400 bilhões de dividendos não tributáveis. “Isso é um absurdo, tem que pagar”, afirmou.
Leia também: Projeto defende linhas de crédito para pequenas empresas com juro zero