De acordo com informações divulgadas pelo jornal O Globo, os pastores evangélicos Gilmar Santos e Arilton Moura se encontraram ao menos quatro vezes com o Presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), em Brasília. Conforme já foi divulgado, eles negociavam a liberação de verbas federais do MEC (Ministério da Educação) indicando quais prefeituras deveriam receber prioridade.
Segundo os dados divulgados, foram três encontros realizados no Palácio do Planalto e um no Ministério da Educação, junto a Milton Ribeiro, atual Ministro da Educação. Nesse sentido, pouco depois destes encontros, a pasta realizou a liberação de recursos para as cidades mencionadas pelos pastores.
Além disso, segundo um áudio divulgado pelo jornal “Folha de São Paulo”, Milton Ribeiro afirmou que existiu um “pedido especial” de Bolsonaro para atender as demandas do pastor Gilmar Santos. Ambos os pastores evangélicos são apontados como articuladores de um “gabinete paralelo” do ministro, intermediando discussões entre prefeitura e a pasta para liberação de recursos.
Reuniões nos primeiros anos de mandato
De acordo com os registros de compromissos do presidente, dois dos encontros aconteceram ainda no primeiro ano do mandato, em 2019. Estes encontros aconteceram em eventos realizados com outras lideranças evangélicas. Já os outros dois encontros aconteceram em 2020.
Com isso, o primeiro encontro de 2020 foi em uma audiência individual e, no mesmo dia, logo após o encontro, Gilmar Santos se deslocou ao Ministério da Educação para realizar uma reunião com Milton Ribeiro. Todas as informações se encontram registradas.
Em nota publicada pelo Ministro da Educação, ele nega que o presidente Jair Bolsonaro tenha solicitado qualquer atendimento preferencial a prefeituras que sejam “apadrinhadas” por pastores. Além disso, Milton Ribeiro afirmou que todas as solicitações feitas ao Ministério da Educação são encaminhadas para uma avaliação da área técnica.
Nesse sentido, o comunicado do ministro ainda disse que, “desde fevereiro de 2021, foram atendidos in loco 1837 municípios em todas as regiões do País, em reuniões eminentemente técnicas organizadas por parlamentares e gestores locais, registradas na agenda pública do Ministério, estabelecendo relação direta entre o MEC e os entes federados”.
Ainda, segundo o comunicado, as agendas servem para esclarecer gestores sobre “procedimentos para planejamento e acesso aos recursos disponibilizados via FNDE, por meio do Plano de Ações Articuladas (PAR 4)”.
Ministro não esclareceu acesso frequente de pastores
Contudo, na nota, o Ministro da Educação, Milton Ribeiro, não esclareceu por qual motivo os dois pastores, que não possuem qualquer participação na administração pública, terem acesso frequente ao gabinete e fazerem a ponte entre prefeituras na busca de verbas.
Com isso, a atividade dos líderes religiosos, Gilmar Santos e Arilton Moura, levantou suspeitas de uma atuação indevida dentro da pasta de educação. De acordo com o Globo, os pastores também tinham acesso aos outros ministros. Em julho de 2019, a agenda do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, também mostra um encontro com uma pessoa intitulada como “Pastor Gilmar”.
Quatro meses após este encontro, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, também esteve com o pastor Arilton Moura em um encontro que teve a presença do embaixador de Israel, Daniel Zonshine e o deputado federal Vicentinho Júnior.
Por fim, em dezembro de 2019, Gilmar e Amilton também foram recebidos pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, que contou também com a presença do deputado federal João Campos.