Uma reportagem do UOL revelou que, a partir de agosto de 2022, houve um esquema de desvio milionário de dinheiro público na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O esquema de desvio ainda se encontra sob investigação criminal, no entanto, informações já apontam que houve a participação de diversos políticos tanto de partidos de esquerda quanto de direita às vésperas da eleição.
Nesse sentido, a investigação apontou que cabos eleitorais e políticos dos seguintes partidos participaram do esquema fraudulento na UERJ: Partido Liberal (PL), Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Verde (PV), Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Partido Socialista Brasileiro (PSB) e Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).
Ao todo, foram pagos R$2 milhões a políticos ligados ao PL, partido de Cláudio Castro e Jair Bolsonaro. Por outro lado, para os outros partidos de esquerda, foram pagos R$789 a 73 cabos eleitorais nas últimas eleições, ocorridas no ano passado. Grande parte do valor aos partidos de esquerda foram para o PT. É importante lembrar que o PT é o partido do reitor Ricardo Lodi e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Como se originou o esquema na UERJ
Ainda em 2021, o governador do Estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), enviou à Assembleia Legislativa do RJ um projeto de lei. Este PL visava a liberação das contratações temporárias em projetos de pesquisa da UERJ. O PL foi aprovado em regime de urgência em abril daquele ano.
Dessa forma, para complementar a medida, o então reitor da UERJ, Ricardo Lodi, publicou normas internas que permitiu contratações com remunerações altas sem que houvesse qualquer processo seletivo. Dessa forma, a atitude tanto de Castro quanto de Lodi permitiu que centenas de pessoas fossem empregadas por indicações políticas.
Como o Estado do Rio de Janeiro encontra-se em regime de recuperação fiscal, o governador não pode inflar a folha de pagamento oficial. Com isso, para driblar as regras fiscais para abrigar aliados políticos perto da eleição, foi necessário aprovar o PL. Inclusive, a investigação aponta que quanto mais próximo das eleições, mais dinheiro foi destinado a UERJ.
Como políticos recebiam o dinheiro
Segundo as investigações, os cabos eleitorais e candidatos tanto da direita quanto da esquerda estavam sendo empregados nestes projetos de pesquisa da UERJ. O emprego destes políticos foi viabilizado pelo PL de Cláudio Castro que foi aprovado com urgência pela Câmara de Deputados do Rio.
Embora esses funcionários tenham sido contratados para trabalhar em projetos de pesquisa, na verdade, eles vinham trabalhando na campanha destes políticos. O dinheiro foi distribuído através da prática de rachadinha, sendo a transferência realizada tanto via boleto quanto via Pix.
Alguns funcionários contratados pela UERJ chegavam a receber até R$34 mil por mês, ficando com apenas com R$2000. Com isso, o restante era repassado a outras pessoas, através de Pix e Boleto. Nesse sentido, um candidato com elo na UERJ é, inclusive, uma das principais fontes da investigação.