Um pronunciamento recente do presidente da República, Jair Bolsonaro, declamou a seguinte fala: “Com flores não se ganha guerra. (…) Se você quer paz, se prepare para a guerra”. A menção foi feita durante uma homenagem a atletas militares vencedores nas Olimpíadas de Tóquio.
A fala foi pronunciada dias antes da manifestação convocada por Bolsonaro no dia 7 de setembro. Na ocasião, o presidente desencadeou ataques aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), e tem sofrido as consequências da repercussão até o momento.
Porém, a declaração feita durante a homenagem chamou a atenção do Partido Democrático Trabalhista (PDT) do Estado de São Paulo (SP), chefiado por Antonio Neto, que também comanda a Central de Sindicatos do Brasil (CSB). Para ele, a incompetência econômica pode se consolidar como a marca do atual governo.
A justificativa dada provém do “descaso criminoso com a pandemia e pelas ameaças contra a democracia e as instituições da República. Está na hora de esse pesadelo acabar”, completou Antonio Neto.
Desta forma, o PDT se posicionará em um ato contra Bolsonaro previsto para acontecer no próximo domingo, 11. Na ocasião, a tradicional Avenida Paulista ficará repleta de integrantes do partido e apoiadores distribuindo rosas como um sinal de democracia encoberto de uma atitude nítida de paz.
Diante da declaração de Bolsonaro, é válido supor que tenha sido um ataque velado ao PDT, cujo símbolo é uma mão segurando uma rosa. O ícone foi elaborado por Didier Motchane na França e, desde então, tem sido constantemente utilizado ou assimilado a partidos esquerdistas por todo o mundo. O novo ato é chamado de “Revolução das Rosas”.
A ação contra o presidente foi inspirada na Revolução dos Cravos de 1974, responsável por acabar com 48 anos de ditadura facista em Portugal. A ação será realizada em frente ao prédio do Museu de Arte de São Paulo (Masp).
Mesmo diante da proposta, alguns esquerdistas se mantêm resistentes quanto à adesão ao manifesto contra Bolsonaro neste final de semana. O receio está vinculado ao fato de que as ações serão organizadas em parceria com o Movimento Brasil Livre (MBL), o Vem Pra Rua (VPR) e Livres. Todas essas entidades são compostas por políticos da direita, embora não sejam apoiadores de Bolsonaro.
De toda forma, partidos e entidades de diferentes lados políticos que não estão de acordo com o posicionamento de Bolsonaro entendem a importância de se unirem e se mobilizarem contra as ameaças e ataques deflagrados pelo presidente da República. A união foi selada pela parceria de Ciro Gomes, integrante do PDT que denominou o ato como sendo o futuro da democracia, superando os sacrifícios.
“Esta luta não é mais um símbolo ou uma metáfora, mas um embate real em defesa da justiça e da liberdade. Ela está acima de pessoas, de partidos ou de posicionamentos ideológicos. Estamos às voltas com duas ameaças mortais: uma é a Covid e outra Bolsonaro”, completou Ciro Gomes.
Antonio Neto completou dizendo que a maior necessidade do Brasil no momento é de mais sentimento de amor, e não ódio como tem se proliferado. Para ele, a paz e as flores tomam facilmente o lugar do caos e dos fuzis.