A Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou na última semana dados do seu mais recente levantamento. A saber, 96% das empresas ouvidas relataram que a paralisação de servidores da Receita Federal afetou de alguma forma os seus negócios. Aliás, a CNI consultou 186 empresas entre 17 a 24 de janeiro e entre 31 de janeiro a 4 de fevereiro.
De acordo com o levantamento, os principais problemas citados pelas instituições se referiram ao desembaraço de mercadorias, bem como às inspeções e documentação. No entanto, alguns operadores do comércio exterior ainda revelaram terem sofrido com atraso na entrega de exportações, interrupção da produção e cancelamento de contratos.
“Entre as exportadoras afetadas pela paralisação, o problema mais recorrente citado é lentidão no desembaraço das mercadorias (70,3%), seguido por demora nas inspeções das cargas (37,8%) e custos adicionais de armazenagem de cargas em função dos atrasos nas alfândegas (34,2%)”, explicou a CNI.
Por sua vez, as importadoras também citaram o lentidão no desembaraço das mercadorias como principal problema da paralisação dos servidores da Receita Federal. Em suma, este desafio foi citado por 65,1% das empresas. Em seguida, ficaram custos adicionais de armazenagem de cargas (41,9%) e demora na inspeção das cargas (31%).
A CNI revelou que 3,6% das exportadoras tiveram que interromper a produção, enquanto 1,8% precisaram cancelar contratos. Entre as importadoras, 7,8% interromperam sua produção e 4,7% cancelaram seus contratos. Tudo isso devido à paralisação dos auditores fiscais.
Entenda a paralisação dos servidores da Receita Federal
No final de dezembro do ano passado, auditores fiscais da Receita Federal decidiram entrar em greve devido à insatisfação com o corte do orçamento da Receita para 2022. Eles também reivindicavam a falta de regulamentação do bônus de eficiência no valor de R$ 3 mil. Aliás, mais de 600 auditores entregaram seus cargos de chefia após o corte orçamentário.
A saber, esta paralisação se refere à atuação dos auditores, que decidiram adotar a “operação padrão”, também conhecida como “operação tartaruga”. Em resumo, o procedimento consiste na liberação mais lenta de mercadorias na alfândega brasileira.
Essa decisão vem afetando diversos setores no Brasil, visto que a “operação padrão” segue em vigor. Aliás, importadoras de combustíveis alertaram em janeiro sobre o risco de “desabastecimentos pontuais” no país por causa da lentidão na liberação dos combustíveis.
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