Os brasileiros adoram comer um pãozinho de manhã. Muitos também não dispensam uma massa no almoço. E os biscoitinhos no lanche da tarde são quase um ritual para as crianças. No entanto, muita gente já deve ter percebido que está pagando mais caro para ter todos estes itens em casa.
A saber, o preço do trigo já subiu 25% neste ano. Como consequência, os produtos criados a partir do grão também ficam mais caros. Em resumo, a farinha de trigo acumula um avanço de 13% em 2021, enquanto o macarrão está 12% mais caro e o pão francês subiu 5%.
Esses avanços estão acontecendo devido a vários motivos. O primeiro deles é o dólar, que acumula alta de 7,36% em 2021 ante o real. Atualmente, a moeda norte-americana está cotada a R$ 5,569, e a expectativa é que siga em níveis elevados ainda por bastante tempo.
Além disso, o frete está mais caro por causa da escassez de contêineres em todo o planeta. Em suma, a pandemia da Covid-19 afetou fortemente o setor, reduzindo a produção e elevando a permanência nos destinos para que os trabalhadores possam cumprir quarentena. Tudo isso fez o preço do frete disparar nos últimos tempos e, consequentemente elevar o preço do trigo.
Por falar no grão, o Brasil até o produz, mas a quantidade não é suficiente para atender à população. Na verdade, as importações do trigo respondem por cerca de 60% do consumo interno. Isso quer dizer que todos os fatores externos, como elevação do dólar e do frete, afetam diretamente o preço do grão e, por consequência, do pão, do macarrão e dos biscoitos.
Conab reduz projeção para a colheita de trigo
A saber, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduziu suas projeções para a safra brasileira de trigo 2021/2022. Em suma, a Conab previa uma colheita de 8,190 milhões de toneladas na safra, mas esse patamar despencou para 7,688 milhões de toneladas.
Embora tenha ocorrido uma queda de 500 mil toneladas entre as estimativas, o valor ainda corresponderá a um recorde do setor. Aliás, a colheita também superará em muito a safra anterior (6,245 milhões de toneladas). Mas nem isso reduzirá o preço do grão, uma vez que a região Sul, que produz 90% do trigo nacional, segue sofrendo com a escassez de contêineres.
Vale destacar que o setor de moagem de trigo está operando com margens apertadas desde 2020. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os repasses no setor chegam a 12% no ano, mas o preço do trigo acumula o dobro da alta (+25%).
Por isso, a expectativa é que os repasses ocorram nos próximos meses. E os segmentos que mais sofrerão com essas elevações serão os do pão, da farinha de trigo, do macarrão e dos biscoitos, que respondem por cerca de 75% dos custos da indústria. Então, o consumidor precisa se preparar para pagar ainda mais caro por estes itens.
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