Desde a decretação da pandemia da Covid-19 em março de 2020, o planeta não é mais o mesmo. Inicialmente, a crise sanitária impactou o mundo com a alta transmissibilidade do coronavírus e os elevados registros de óbitos. Para conter a disseminação, os países passaram a adotar diversas medidas restritivas que afetaram diretamente a economia.
Nesse cenário, os Bancos Centrais (BC) começaram a injetar valores expressivos em seus respectivos países para que a economia continuasse a crescer. Contudo, dentre as grandes nações globais, apenas a China conseguiu fechar 2020 com o seu Produto Interno Bruto (PIB) em expansão.
Em 2021, a vacinação contra a Covid-19 permitiu a flexibilização das medidas restritivas. Várias ondas de contaminação do coronavírus afetaram a economia dos países. No entanto, o maior desafio para as nações foram os gargalos nas cadeias de oferta de incontáveis itens.
Isso fez a inflação global disparar, até porque os BC haviam injetado bastante dinheiro em seus países, o que também impulsionou a taxa inflacionária. Por isso, os países começaram a reduzir ou mesmo encerrar as injeções financeiras em 2022. Além disso, iniciaram a elevação dos juros para conter a inflação.
No entanto, um novo desafio apareceu: a guerra entre Rússia e Ucrânia.
Nos últimos meses, diversos países viram sua inflação atingir níveis recordes. E os conflitos no leste europeu elevaram exponencialmente as preocupações em torno da inflação global. Em suma, a guerra pressionou ainda mais as cadeias de abastecimento, e os primeiros reflexos dos conflitos estão começando a ser sentidos pela população.
Brasileiros sofrem com inflação e juros elevados
No Brasil, a situação é bem semelhante a de diversos países. A inflação anual supera os 10% há meses, mas a meta central do BC para 2022 é de tímidos 3,5%. Aliás, a entidade financeira elevou dez vezes consecutivas, desde o ano passado, a taxa básica de juro da economia, que chegou a 11,75% no mês passado.
Este cenário fez o endividamento e a inadimplência baterem recorde em março. Em resumo, a população sofreu com a redução da renda e a perda de emprego com a pandemia da Covid-19. No ano passado, o mercado de trabalho começou a se recuperar, mas os juros elevados cresceram ainda mais.
Em outras palavras, o brasileiro enfrentou mais dificuldades para manter o ritmo de consumo que possuía e passou a buscar o crédito. Contudo, os juros mais altos encareceram o crédito e a população passou a pagar mais, mas sua renda não cresceu igualmente. E isso fez o endividamento e a inadimplência dispararem.
A expectativa é que a situação continue complicada no decorrer de 2022. A inflação segue em patamar elevado, pressionada fortemente pela guerra na Ucrânia, e isso deverá fazer o BC aumentar ainda mais os juros. Por isso, especialistas alertam para os riscos do superendividamento com as compras parceladas. O melhor é fugir disso e tentar pagar tudo à vista.