Na Argentina, a situação econômica é bastante grave. A crise provocada pela pandemia do novo coronavírus no país foi uma das piores do mundo e se soma a dificuldades econômicas anteriores. Em maio, a Argentina estava tecnicamente inadimplente devido ao não pagamento de títulos. Além disso, as tentativas de estabilizar a economia foram, em grande parte, mal sucedidas.
A conjuntura econômica também gerou muito debate em torno das iniciativas do presidente Alberto Fernández, um peronista moderado. Por enquanto, ele nega a adoção de medidas de austeridade para resolver o alto endividamento do país e faz uso de novos impostos, especialmente dirigidos aos mais ricos.
De acordo com economistas ouvidos pelo Wall Street Journal, essas ações podem penalizar os investimentos e a criação de novas empresas. Em outras palavras, pode desacelerar o crescimento da economia argentina.
Em 2020, a economia argentina foi afetada mais do que muitas outras, na América Latina e no mundo, pela crise provocada pela pandemia. O PIB do país caiu mais de 11% e a queda se soma a dois anos que o país já vivia em recessão.
Alberto Fernández, que assumiu a presidência em dezembro de 2019, se viu diante de uma dupla crise: uma economia já fraca e fortemente endividada; e, em alguns meses, o início de uma pandemia global. Antes disso, o antecessor, Mauricio Macri, já havia pedido um empréstimo em 2018 ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para evitar a inadimplência.
Argentina falida
Conforme um estudo divulgado pelo Wall Street Journal, em 2020 a porcentagem de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza na Argentina chegou a 44%. O índice já era acima de 30% em anos anteriores. Além disso, a inflação aumentou 36% ao ano e, somente em janeiro, os preços das necessidades básicas aumentaram 4%.
O valor do mercado financeiro argentino, ou seja, o valor total de todas as empresas do país, passou de 350 bilhões de dólares em 2018 para 20 bilhões de dólares. Portanto, um sinal de que algumas empresas perderam valor e outras fugiram da Argentina.
Em maio de 2020, a Argentina foi declarada “tecnicamente falida” porque não conseguiu pagar algumas dívidas a tempo. Isso significa graves consequências, uma vez que não conseguia mais acessar os mercados internacionais para financiar novas dívidas. Nesse contexto, segundo especialistas, responder às duas crises da economia argentina é um dos principais desafios de Fernández.
Devido à primeira crise, a estrutural que começou bem antes da pandemia, o Estado argentino não consegue pagar as dívidas e praticamente não tem recursos à sua disposição. Atualmente são apenas 5 bilhões de dólares, entre caixa e reservas de ouro. Ao mesmo tempo, porém, o governo precisa implementar políticas expansivas e muito caras para tentar apoiar a economia e os cidadãos afetados pela segunda crise, a causada pela pandemia, como fazem a grande maioria dos governos no mundo.
Em resumo, o governo argentino precisaria gastar para sustentar a economia, mas não tem dinheiro para fazer isso, nem capacidade de acessar mercados para aumentar a dívida.
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