Os países vizinhos estão em êxtase com a oportunidade única que a Argentina está oferecendo em meio à sua crise cambial. Viajantes de todas as partes estão invadindo o país por ar, terra e mar para aproveitar preços de pechincha, desde estações de esqui até os famosos bifes de lomo e vinhos Malbec.
Os chilenos, em particular, cruzam os majestosos Andes em massa para esvaziar prateleiras de supermercados, criando até mesmo a necessidade de horários especiais para compras estrangeiras em alguns atacadistas em Mendoza, a capital vinícola da Argentina.
O Uruguai também não fica para trás. A ministra da Economia, Azucena Arbeleche, admitiu que o país está perdendo receitas de impostos, pois seus cidadãos estão fazendo compras do outro lado da fronteira.
Turismo em alta
Os dados dos últimos meses mostram que o número de uruguaios e chilenos visitando a Argentina mais que dobrou em relação ao ano anterior, quando as restrições da pandemia ainda estavam em vigor.
A ampla diferença entre as taxas de câmbio da Argentina destaca ainda mais o aumento do turismo. Enquanto o governo estabelece uma taxa oficial de 268 pesos por dólar, os visitantes que utilizam cartões de crédito emitidos no exterior desfrutam de uma taxa paralela quase 500 pesos por dólar.
Alguns turistas exploram ainda o mercado de rua, onde podem trocar dólares a uma taxa semelhante à paralela. Porém, o peso argentino enfrenta um desempenho ruim nos mercados emergentes, com uma desvalorização de mais de 34% este ano, apesar das medidas governamentais para controlar a taxa oficial.
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Desafios financeiros perseguem a Argentina
O fenômeno de atravessar a fronteira para aproveitar preços mais atrativos não se restringe apenas aos chilenos e uruguaios. Os turistas uruguaios gastaram mais de US$ 900 milhões na Argentina no último ano fiscal, impulsionando o turismo no país.
No entanto, apesar do aumento significativo de viagens, a conta do turismo argentino é negativa, uma vez que os gastos dos cidadãos no exterior superam o dinheiro trazido pelos visitantes estrangeiros.
Então, o presidente Alberto Fernández tomou medidas cada vez mais rígidas de controle de capital para proteger as reservas internacionais limitadas do banco central argentino. Mesmo que isso signifique se aproximar ainda mais de uma recessão econômica.
O novo destino de sonho para turistas
O interesse em viajar para a Argentina é notável. A agência de turismo Hiperviajes relatou um salto de 80% nas reservas feitas por uruguaios em comparação com o período pré-pandemia. Eles buscam destinos andinos além de Buenos Aires, como Bariloche, El Calafate e Mendoza, onde os custos de alimentação são três a quatro vezes menores do que no Uruguai.
Até mesmo a estação de esqui de Cerro Catedral em Bariloche está atraindo esquiadores uruguaios neste inverno, levando a Andes Lineas Aereas a iniciar voos diretos de Montevidéu para atender à demanda.
Assim, a Argentina está se tornando um paraíso de ofertas para os vizinhos da região, impulsionando o turismo e criando uma oportunidade sem precedentes para os viajantes aproveitarem os melhores preços que o país pode oferecer durante sua crise cambial.
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