O deputado federal Lindbergh Farias (PT), vice-líder do governo no Congresso, afirmou nesta quinta-feira (20) que, caso a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os atos golpistas de 08 de janeiro seja criada, aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tentarão ter a maioria dentro do colegiado e indicar o relator da comissão. A atitude é uma mudança drástica no posicionamento da base de Lula que, antes, era totalmente contrária à instalação do colegiado.
Assim como publicou o Brasil123, a mudança de postura aconteceu porque o governo percebeu que não conseguiria evitar a criação da CPMI. Sobretudo depois que foram liberados vídeos que mostraram o general Gonçalves Dias, até então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no Palácio do Planalto durante os atos de vandalismo de 08 de janeiro.
Nesta sexta, Lindbergh Farias, durante entrevista ao canal “Globo News”, afirmou que a criação da CPI mista será “um tiro no pé” de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Há uma maioria do governo. A presidência vai ser do bloco governista. Relator também. Essa história de que autor do pedido vira presidente ou relator isso não existe. Isso é quando há acordo”, disse o parlamentar.
“Estou convencido de que essa CPI vai ser um tiro no pé dos bolsonaristas. Uma coisa eles não vão conseguir mudar com falsas narrativas. Nessa CPI, vamos atrás dos financiadores [dos atos golpistas]. Primeiro nome que queremos chamar é Anderson Torres [ex-ministro da Justiça da gestão Bolsonaro]”, completou o deputado, que ainda afirmou que o governo “não aceitará” que o autor do pedido de CPI, o deputado bolsonarista André Fernandes (PL), que é investigado por suposta participação nos atos golpistas, seja o relator ou o presidente da comissão.
“Esse André Fernandes… Estamos estudando medidas para ele não participar da CPI. Ele é investigado pelo STF”, afirmou o parlamentar, que ainda detalhou que o governo pretende indicar nomes como os dos senadores Renan Calheiros (MDB), Omar Aziz (PSD), Randolfe Rodrigues (Rede) e Humberto Costa (PT) – todos esses estiveram presentes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 do Senado, que investigou as ações e omissões do governo de Bolsonaro durante a pandemia.
Criação da CPMI
Na semana passada, Rodrigo Pacheco (PSD), presidente do Senado e do Congresso Nacional, prometeu que lerá o requerimento de instalação da CPMI na sessão do Congresso da próxima quarta-feira (26) caso seja recolhido o apoio suficiente, que é de 171 assinaturas na Câmara e 27 no Senado. Segundo o canal “Globo News”, até o momento, foram colhidas 194 assinaturas de deputados e 37 de senadores.