O dia poderia trazer resultados positivos para o Ibovespa, mas não trouxe. O otimismo externo prevaleceu na maioria das bolsas internacionais, mas não na brasileira. Parece que o país está numa areia movediça e, quanto mais tenta sair, mais afunda.
Nesta segunda-feira (23), o dólar teve a maior queda diária desde o início de maio ante uma cesta de pares, mas isso não aconteceu em relação ao real. Os investidores realmente não sentem segurança em buscar ativos de risco no país. E a queda de 0,49% do Ibovespa, que fechou a sessão aos 117.472 pontos, evidencia isso.
Em resumo, os riscos domésticos continuam afugentando investidores. A situação fiscal do Brasil fica mais debilitada a cada dia. Por exemplo, na última semana, o presidente Jair Bolsonaro enviou à Câmara dos Deputados uma Medida Provisória sobre o novo Bolsa Família, que terá um reajuste de, pelo menos, 50% em seu valor médio.
A tensão dominou o mercado, que não sabia de onde o governo tiraria dinheiro para turbinar o programa assistencial. Assim, a solução adotada pela equipe econômica foi enviar ao Congresso Nacional a PEC dos Precatórios, que visa o parcelamento das dívidas mais altas do poder público. A “economia” gerada seguiria para o Bolsa Família.
O problema é que dívida parcelada continua sendo dívida no futuro, que também terá um valor mais alto do Bolsa Família para pagar. Em suma, o objetivo de Bolsonaro é ganhar votos para as eleições de 2022. Contudo, o custo para a saúde fiscal do Brasil está muito alto. E não há otimismo externo que faça as preocupações internas sumirem.
58 das 84 ações do Ibovespa caem nesta segunda
As notícias externas não conseguiram impulsionar o Ibovespa para o campo de ganhos, mas reduziram as perdas no dia. Em primeiro lugar, notícias sobre a queda de casos da Covid-19 nos Estados Unidos se somaram à afirmação da China sobre ter zerado os casos de transmissão comunitária do novo coronavírus no país.
Ao mesmo tempo, o recuo dos casos da Covid-19 nas duas maiores economias do planeta impulsionou os preços do petróleo, que saltaram mais de 5% nesta segunda. A forte alta, após sete pregões seguidos de perdas, deram gás às ações do Ibovespa relacionadas à commodity. Assim, estas notícias impediram uma queda ainda maior do índice.
Das 84 ações que compõem o Ibovespa, 58 caíram no dia. Ao todo, entre compras e vendas, movimentaram R$ 19 bilhões, valor bem menor que a média diária de agosto (R$ 23 bilhões).
A saber, entre os avanços do dia, os mais expressivos vieram de: Embraer ON (5,28%), CVC ON (4,39%), PetroRio ON (3,61%), JBS ON (3,44%) e Marfrig ON (3,42%). Por outro lado, os recuos mais intensos foram de: Lojas Americanas PN (-6,08%), Americanas ON (-4,25%), Eneva ON (-4,21%), Locamerica ON (-4,19%) e Via ON (-4,17%).
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